Partido dos Trabalhadores

Blindagens de empresários e atrasos marcam CPI do HSBC

Comissão no Senado que apura o caso das contas secretas mantidas por brasileiros no HSBC da Suíça terá reunião para decidir se encerra os trabalhos antes do tempo previsto

Câmara

Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que apura o caso das contas secretas mantidas por brasileiros no banco HSBC da Suíça se reúne neste início de semana para decidir se os trabalhos serão encerrados antes do tempo, segundo apurou o portal “Rede Brasil Atual”, nesta segunda-feira (9).

A blindagem feita pelos senadores aos empresários envolvidos no escândalo e os cancelamentos propositais do número de deliberações e audiências públicas, têm sido apontados como manobras para dificultar os procedimentos da comissão.

O argumento apresentado pelos senadores na última terça-feira (3), quando foi colocada a discussão sobre serem encerrados ou não os trabalhos, foi o fato de a CPI não ter tido acesso aos documentos oficiais do governo francês, que foram repassados apenas para o Ministério Público Federal e a Polícia Federal.

Tais documentos serão liberados, de forma reservada, pela PF, apenas no final de novembro e não têm condições de serem compartilhados totalmente com a comissão, uma vez que o acordo feito entre o governo daquele país e o governo brasileiro abrange a troca de informações sigilosas desse tipo apenas entre órgãos de investigação – e a França não considera a CPI um órgão investigador.

Segundo informou o portal, a comissão dispõe, desde o início dos trabalhos em 23 de março, de 431 outros documentos encaminhados por órgãos diversos mediante solicitação dos senadores, e 22 documentos anexos a audiências públicas e oitivas, muitos deles de caráter sigiloso.

Além disso, o ex-funcionário do banco HSBC na Suíça, Hervé Falciani, que foi quem denunciou a história das contas secretas e deflagrou esse escândalo, de proporções mundiais, disse por vídeo conferência, em agosto passado, que está interessado em colaborar com a CPI. E se prontificou, inclusive, a encaminhar informações para os senadores.

Falciani chegou a enfatizar que o número de brasileiros envolvidos no escândalo das contas secretas é bem maior que os 8.500 inicialmente mencionados e que já possui uma separação, dentre estes nomes, sobre quais são os intermediários, os laranjas e os verdadeiros detentores das operações secretas realizadas no HSBC da Suíça, conforme contou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do pedido de instalação da comissão.

A CPI do HSBC tem tido vários adiamentos e cancelamentos de reuniões e audiências públicas, desde que foi iniciada. Como se não bastasse, a comissão chegou a rejeitar, por diversas vezes, a convocação de empresários e nomes considerados poderosos no mercado financeiro.

Sonegação em 203 países – A CPI do HSBC foi instalada no Senado com o objetivo de investigar irregularidades em contas de brasileiros abertas na filial do banco na Suíça. A origem da investigação foi o vazamento, no início deste ano, de uma lista com nomes de correntistas do banco e a descrição dos valores aplicados no caso que passou a ser conhecido como SwissLeaks.

As estimativas iniciais eram de que existência de cerca de 8 mil contas secretas, não declaradas, abertas por correntistas brasileiros na sucursal do HSBC em Genebra.

O total existente nestas contas pode chegar a aproximadamente R$ 20 bilhões, conforme as investigações em curso, no que pode chegar a ser o maior escândalo de sonegação fiscal do mundo.

Além do Brasil, o HSBC, de acordo com informações divulgadas pela imprensa internacional, operava contas de pelo menos 106 mil clientes de 203 países. As apurações estão mais adiantadas na França e na Bélgica, países que, inclusive, já fizeram o repatriamento dos recursos.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da “Rede Brasil Atual”