O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a proposta de lei para combater notícias falsas, as fake news. Para Bolsonaro, a proposta em discussão no Congresso Nacional é uma tentativa de limitar a liberdade de expressão. “Vocês sabem que a liberdade de expressão é essencial se você quer falar em democracia”, disse cinicamente em encontro com seus apoiadores em frente ao Palácio do Alvorada, no domingo.
Neste mesmo final de semana, a Agência Pública denunciou grupos evangélicos e olavistas, ambos ligados a Bolsonaro, que ajudaram a espalhar fake news sugerindo envolvimento da esquerda com pedofilia. A notícia falsa foi postada por Bolsonaro em suas redes sociais, inclusiva oficiais, e circulou em grupos de whats app, portais e sites de direita. O maior portal gospel do país, Gospel Prime, foi um dos principais impulsionadores.
Liberdade para caluniar
O que Bolsonaro entende por “liberdade de expressão”, na verdade, são mentiras construídas e difundidas com objetivos políticos. Segundo a Agência Pública, a reportagem do Gospel Prime cita um suposto movimento de legalização da pedofilia chamado MAP. O texto afirma que “circulam rumores na internet de que uma das pautas dessa militância é inserir P (de pedófilo) à sigla LGBTI”. A sigla MAP é um termo criado por uma organização norte-americana que auxilia pedófilos em busca de tratamento.
O mesmo argumento do Gospel Prime, segundo a Agência Pública, apareceu no Twitter do presidente Jair Bolsonaro, na terça-feira (14). Bolsonaro pegou carona na apresentação de um Projeto de Lei que aumenta a pena para pedófilos para atacar a esquerda. Nas redes, ele afirmou que “a esquerda busca meios de descriminalizar a pedofilia, transformando-a em uma mera doença ou opção sexual”. A mentira serviu para atiçar grupos ligados a Olavo de Carvalho e sua milícia digital.
Dinheiro público
Mais do que difundir mentiras em suas redes privadas, o governo Bolsonaro também investiu em diversos canais de fake news para divulgar anúncios oficiais. Segundo a CPMI das Fake News, foram investidos mais de dois milhões de reais em sites, aplicativos de telefone celular e canais de YouTube que veiculam notícias falsas, ofertas de investimentos ilegais e aplicativos com conteúdo pornográfico. Obtida junto à Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), a informação foi divulgada no dia 3 de junho.