O combate à pandemia do coronavírus no Brasil, ao contrário do que afirmou o presidente Bolsonaro na ONU, nunca foi responsável ou tampouco prioridade para o governo. Denúncia do ‘Folha de S.Paulo’ revelou que o governo desviou R$ 7,5 milhões doados para a compra de 100 mil testes rápidos para diagnosticar o coronavírus. Segundo o jornal, a verba foi repassada ao programa Pátria Voluntária, liderado pela primeira-dama, Michelle.
De acordo com o jornal, o dinheiro foi doado em março pelo frigorífico Marfrig. Segundo relato da empresa, a Casa Civil havia informado que a verba seria usada exclusivamente para a aquisição e aplicação de testes de Covid-19.
Segundo a empresa informou ao jornal, após a transferência concretizada, em julho, o governo chegou a consultar o frigorífico sobre eventual aplicação da verba em outras ações de combate à pandemia. “Como a ação estava diretamente ligada à mitigação dos danos causados pela pandemia, a Marfrig concordou com a nova destinação dos recursos doados”, disse a empresa, em nota ao diário. O caso ganhou ampla repercussão nas redes sociais, levando a denúncia a figurar entre os assuntos mais comentados do Twitter desta quinta-feira (1º).
“Mais estranho que a tentativa de Michelle Bolsonaro de censurar quem denuncia os R$ 89 mil depositados pelo Queiroz e o desvio de função de R$ 7,5 milhões são o silêncio e a inação dos órgãos de fiscalização e controle”, denuncia o líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR). “Um menosprezo com a sociedade para quem deve satisfações”, observa.
“Hoje o Brasil foi surpreendido com a informação de que a empresa Marfrig fez doação ao Ministério da Saúde para combate à pandemia, mas verba foi parar em projeto da primeira-dama”, afirma o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho. “Essa não é a primeira vez que dinheiro vai misteriosamente parar nas contas de Michelle. Lamentável”, indigna-se o senador.
Repasses a ONGs ligadas à Damares
Na terça-feira (29), o jornal revelou que o Pátria Amada repassou, sem passar por processo de concorrência, verbas de doações privadas para organizações evangélicas ligadas à ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos). Segundo dados do próprio programa coordenado por Michelle Bolsonaro, a Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB) recebeu R$ 240 mil por indicação de Damares.
O endereço da ONG é o mesmo da entidade Atini, fundada pela ministra em 2006, segundo a ‘Folha’. Outras duas organizações filiadas à AMTB também receberam verbas de doações sem edital. O Instituto Missional, com R$ 391 mil, e o SIM (Serviço Integrado de Missões), com R$ 10 mil.
O Pátria Amada foi criado pela Casa Civil para arrecadar dinheiro de instituições privadas e repassar para organizações sociais, dentro de uma estratégia de fortalecimento do terceiro setor.
De acordo com o jornal, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência já gastou em torno de R$ 9 milhões em publicidade com o programa.
Da Redação, com ‘Folha de S. Paulo