O fracasso retumbante do bolsonarismo nestas eleições municipais ganha ampla cobertura na mídia estrangeira, após o fim do segundo turno em 57 cidades. Reportagem da agência de notícias Associated Press, uma das mais importantes do mundo, foi replicada em milhares de veículos, como o Washington Post e o Los Angeles Times, nesta segunda-feira, 30, destacando que o presidente brasileiro sofreu uma “onda de sucessivas derrotas em disputas para prefeituras”.
A AP lembrou que apenas cinco candidatos a prefeito apoiados por Bolsonaro venceram, “nenhum deles nas cidades mais importantes”. De acordo com a agência de notícias, a maior rejeição veio do Rio de Janeiro, base eleitoral do presidente, onde o prefeito Marcelo Crivella foi “espancado” no segundo turno pelo oponente Eduardo Paes (DEM), da legenda de centro-direita Democratas.
“Outra grande derrota para Bolsonaro veio em Fortaleza, a quinta cidade mais populosa do Brasil, onde o pouco conhecido candidato de centro-esquerda Sarto Nogueira superou Wagner Gomes, o favorito do presidente, 51,5% contra 48,5%”, destaca o texto, distribuído globalmente. “Gomes havia liderado pesquisas de opinião antes do início da campanha e frequentemente exibia o apoio de Bolsonaro, mas procurou se distanciar nos últimos dias da campanha”, descreve o texto.
Ainda de acordo com a agência, o péssimo desempenho dos candidatos apoiados por Bolsonaro começou a ficar perceptível ainda no primeiro turno das eleições municipais, há duas semanas. A AP cita o exemplo de São Paulo, onde Celso Russomano, candidato do presidente, obteve apenas 10% dos votos na maior cidade do Brasil. “O segundo turno de domingo foi entre duas candidaturas críticas ao presidente”, aponta a agência.
Outros nomes de políticos apoiados por Bolsonaro também não conseguiram sequer chegar ao segundo turno, perdendo por ampla margem em capitais de estado populosas como Belo Horizonte, Recife e Manaus. “Seu candidato também perdeu em Santos, uma das cidades mais importantes do estado de São Paulo”.
“O maior perdedor”
De acordo com o despacho da agência, mesmo o filho do presidente, Carlos Bolsonaro, o único com o nome Bolsonaro na cédula de votação – de um total de 78 candidatos –, foi eleito com 35 mil votos a menos do que em 2016. “Bolsonaro é claramente o maior perdedor nas disputas para prefeito”, declarou à agência o professor de ciências políticas da Universidade Insper, Carlos Melo.
“Ele falhou em formar um partido, ele falhou em tornar seus candidatos mais fortes”, avaliou o cientista político. “Era quase como se ele ignorasse essas eleições, mas elas deram muita força aos partidos com os quais ele terá que falar no Congresso. Ele é um presidente mais fraco por causa dessas derrotas”, concluiu. A agência destacou ainda que Bolsonaro se recusou a falar sobre o fraco desempenho de seus candidatos, depois de ter votado na capital carioca.
Da Redação