Depois de desdenhar do isolamento social e de minimizar a pandemia, o governo Bolsonaro vê o país aproximar-se da marca das 100 mil mortes na pior crise sanitária da história e mantém o Ministério da Saúde transformado numa filial do Exército. É assim que o Brasil chega ao Dia Nacional da Saúde, dando orgulho aos destruidores da vida.
Autoridades médicas e científicas mostram que o Governo está fazendo tudo errado. Um estudo publicado por pesquisadores da China e de Taiwan, na última edição da revista Nature, mostrou que os índices de mortalidade variam entre os mais diversos países, pois estão atrelados ao número de testes feitos e da eficácia das medidas adotadas pelos governos. Além disso, uma reportagem do Estadão mostrou recentemente que o Brasil tem 10 milhões de testes parados por falta de insumos. E para terminar: pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro apresentaram outro estudo apontando que o isolamento social feito no mês de maio no país poupou a vida de 118 mil pessoas.
Ao olhar para esses dados, constatamos que o governo Bolsonaro está empenhado em aprofundar a crise que estamos vivendo.
Os governadores e prefeitos também têm responsabilidade neste cenário. Para ilustrar isso, cito os exemplos da minha Osasco, cidade com cerca de 700 mil habitantes, que está com 620 mortes por Covid-19 e chegou a ter 2 dígitos no índice de mortalidade, e de Araraquara, município de 230 mil habitantes que é administrado pelo PT e tornou-se referência por ter a menor letalidade de coronavírus do estado de São Paulo. Esses números mostram quem privilegia a vida e que se preocupa com o lucro.
Enquanto morrem uma média mil pessoas por dia, quase 90% dos shoppings foram reabertos, governo cede à pressão pela retomada das aulas e Bolsonaro dá mal exemplo indo às ruas sem máscara.
Pelo bem do povo brasileiro, o governo Bolsonaro precisa ser interrompido.
É impossível confiar nas matérias que falam que esse governo trabalha pela viabilização da vacina contra a Covid-19. Bolsonaro desdenhou do trabalho feito pelo Instituto Butantan junto com o governo Chinês na busca pela cura, simplesmente por preconceito e ignorância.
É uma situação lamentável. Os principais ‘feitos’ do atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, revelam uma agenda de descompromisso com a saúde das pessoas.
Enquanto o Brasil caminha para ser o segundo país do mundo a atingir a marca dos seis dígitos de mortes por coronavírus, Pazzuelo até agora preocupou-se com a nomeação da filha na diretoria de gestão e pessoas da empresa pública de Saúde do Rio de Janeiro, com a nomeação de uma amiga para comandar o escritório do Ministério da Saúde de Pernambuco, em não obter insumos para os quase 10 milhões de testes parados, em deixar de entregar 3250 respiradores e criar um estoque de 4 milhões de comprimidos de cloroquina. São realizações que orgulham o ceifador.
E Bolsonaro está fazendo a população brasileira normalizar um platô macabro. Não é possível achar normal a notícia de que mil brasileiros perdem suas vidas por dia devido à negligência do governo.
A ignorância e o desprezo de Bolsonaro estão matando o país.
O Brasil, infelizmente, chega ao Dia Nacional da Saúde passando pela pior crise sanitária de nossa história, sendo motivo de chacota internacional e precisando de um líder capaz de zelar pela vida das pessoas. Não temos o que celebrar.
Emidio de Souza é deputado estadual e ex-prefeito de Osasco