O massacre à renda das famílias mais pobres promovido por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes segue sem dar trégua neste primeiro semestre. Na cidade de São Paulo, os aumentos explosivos do preço do gás de cozinha já comprometem cerca de 11% da renda das famílias com o item básico, aponta levantamento feito pelo Instituto Pólis. O instituto verificou os preços do botijão em 337 revendedores da capital.
Esse é mais um efeito explosivo da inflação causada pela dupla Guedes-Bolsonaro, responsáveis diretos pelo aumento de 32,45% do gás nos últimos 12 meses, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda segundo o estudo, nos dois quintos mais pobres da população em São Paulo, o preço médio do gás de cozinha é de R$ 122,56, mas já ultrapassa R$ 130 em bairros com renda mais baixa, como Jaraguá, Tremembé, Guaianases e Grajaú.
Para se ter uma ideia do quanto a inflação corrói muito mais o poder aquisitivo dos mais pobres, o gasto com gás para uma família que ganha cinco salários mínimos corresponderia a um índice entre 1,6% e 2,4% da renda, cerca de 10 vezes menos do que para os que recebem meio salário mínimo, relata o Pólis.
Ainda de acordo com o estudo do instituto, os aumentos atingem de modo mais agudo famílias chefiadas por mulheres que ganham até um salário mínimo. Do mesmo modo, regiões cuja população negra é maior do que a média municipal, de 37%, também são mais afetadas.
“A pesquisa mostra que a fonte de energia mais importante para a alimentação de famílias em domicílios urbanos é, desproporcionalmente, mais onerosa para a população em situação de maior vulnerabilidade”, declarou a coordenadora-geral do Instituto Pólis, Danielle Klintowitz, à Folha de S. Paulo.
Supermercado compromete 60% da renda dos mais pobres
Outro levantamento preocupante comprova que a inflação se tornou o pior pesadelo das famílias brasileiras. De acordo com dados da consultoria Kantar, as classes D e E estão gastado cerca de 60% da renda com supermercado. Nos últimos dois anos, a alta dos preços dos alimentos bateu 25,8%, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 17% no período.
Já a consultoria NielsenIQ aponta que desde o início da crise sanitária até agosto do ano passado, o preço da cesta básica bateu recorde na comparação com 14 países, chegando a 24,6%, muito à frente do Chile (17,4%) e da Rússia (8,8%). Ainda de acordo com a agência, 62% dos lares do país têm algum tipo de restrição de gasto, enquanto a média mundial chegou a 40%.
Aos desmontar políticas como a de segurança alimentar e fechar fábricas de fertilizantes, por exemplo, Bolsonaro e Guedes conseguiram deixar o país ainda mais enfraquecido para o enfrentamento ao atual cenário de turbulência externa. Ou seja, os dias que são difíceis para o mundo assumem dimensões trágicas no Brasil.
Da Redação, com Folha e IG