O presidente Jair Bolsonaro anunciou a demissão de Henrique Mandetta do Ministério da Saúde e sinalizou que o governo vai promover uma guinada na política sanitária e no enfrentamento da pandemia do coronavírus. “O Brasil tem que voltar a trabalhar”, disse, após anunciar o nome do oncologista Nelson Teich para compor o ministro. Bolsonaro reafirmou que pretende assegurar o afrouxamento da política de confinamento da população. A presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), rechaçou as declarações do presidente: “É pavoroso”.
“Depois de demitir seu ministro da saúde, Bolsonaro insiste na tese de flexibilizar o isolamento social”, lamentou a parlamentar. “Ele continua jogando com a vida das pessoas, atentando contra a saúde pública”. Ela se mostrou indignada ainda com o tom adotado por Bolsonaro. “Ao final, ainda ameaçou o país com a decretação do Estado de Sítio, jogando contra a democracia”.
Em nota conjunta, os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado Federal, Davi Alcolumbre, ambos do DEM, advertiram para as consequências da troca de ministros. “A maioria das brasileiras e dos brasileiros espera que o presidente Jair Bolsonaro não tenha demitido Mandetta com o intuito de insistir numa postura que prejudica a necessidade do distanciamento social e estimula um falso conflito entre saúde e economia”, alertaram.
Bolsonaro declarou à imprensa que o governo não é uma fonte de socorro eterna e disse que os outros poderes da República – Legislativo e Judiciário – têm de arcar com suas posições. “Em nenhum momento eu fui consultado sobre medidas adotadas pela maioria dos governadores e prefeitos. Eles sabiam o que estavam fazendo. O preço vai ser alto”, ameaçou.
“Pior do que uma decisão tomada é uma indecisão”, disse Bolsonaro. “Jamais pecarei por omissão. Este é o ensinamento que tive na minha carreira militar”, declarou. “Os excessos que alguns cometeram, que se responsabilizem por ele. Jamais eu mandaria as minhas forças armadas prender quem quer que esteja nas ruas”.
E, em seguida, ainda no pronunciamento no Palácio do Planalto, fez uma ameaça velada, logo depois de dizer que jamais como chefe do Executivo iria retirar o direito de ir e vir do cidadão. “Quem tem o poder de decretar o Estado de Defesa ou de Sítio – depois de uma decisão do Paarlamento brasileiro – é o presidente da República. E não prefeito ou governador. O excesso não levará à solução do problema”, disse, diante de jornalistas.