O governo de Jair Bolsonaro (PSL) é um desastre na política externa. Suas declarações descabidas e em alguns casos desrespeitosas causaram reações negativas em pelo menos 11 países espalhados pelo globo. Os entraves prejudicam relações econômicas, ameaçam acordos multilaterais e já levaram o país a perder recursos milionários do Fundo da Amazônia – parceria internacional para proteção da floresta. Em matéria publicada nesta sexta-feira (23), o Estado de S. Paulo lista as brigas que Bolsonaro com líderes globais.
França
Diante da destruição da floresta amazônica promovida durante o governo Bolsonaro, o presidente da França, Emmanuel Macron, convocou nesta quinta-feira (23) uma reunião do G7 para discutir as políticas ambientais do Brasil. Macron classifica a situação da Amazônia como “crise internacional”.
No dia seguinte, o gabinete do presidente francês acusou Jair de mentir sobre a pauta ambiental na reunião do G20, realizada em junho, no Japão. Diante disso, a França deve se opor ao acordo entre União Europeia e o Mercosul. Firmado em junho após 20 anos de negociação, o acordo prevê redução de tarifas para importações entre os dois blocos econômicos. No entanto, ainda precisa ser aprovado individualmente pelos países envolvidos.
Antes de sua desastrosa política ambiental ameaçar o acordo, Bolsonaro já havia criado constrangimento com a França. No mês passado Jair faltou a um encontro com o ministro das Relações Exteriores Jean-Yves Le Drian e transmitiu um vídeo ao vivo cortando o cabelo no horário em que deveria ter se reunido com Le Drian.
O ministro ironizou a ausência de Bolsonaro: “Ao que parece, houve uma emergência capilar. Essa é uma preocupação que é estranha para mim”.
Alemanha
Diante do desastre ambiental de Bolsonaro, o governo da Alemanha anunciou a suspensão de R$155 milhões do Fundo da Amazônia. De forma desrespeitosa, ele respondeu que a chanceler alemã Angela Merkel deveria pegar a “grana” e reflorestar seu próprio país. Por sua postura, Bolsonaro foi ridicularizado em um programa humorístico da TV estatal alemã, chamado de “o boçal de Ipanema”.
Noruega
A questão do Fundo da Amazônia gerou desavenças também com a Noruega que, depois da Alemanha, anunciou a suspensão de R$133 milhões em repasses ao programa. Em resposta, Bolsonaro publicou o vídeo de uma suposta “matança a baleias” e disse que o país “não tem nada a oferecer para nós”. O vídeo, no entanto, era de um evento da Dinamarca, o que leva a próxima briga de Jair com o mundo.
Dinamarca
O vídeo que Bolsonaro divulgou para atacar a Noruega causou reações negativas na Dinamarca. Um dos principais jornais do país, o Berlingske, acusou Jair de disseminar fake news por estar furioso com o fim dos repasses para o Fundo da Amazônia.
Colômbia
O presidente da Colômbia, Ivan Duque, disse em sua conta oficial no Twitter que “a trajédia ambiental na Amazônia não tem fronteiras e deve chamar a atenção de todos”. E que “proteger o pulmão do mundo” é um propósito urge. O pronunciamento ocorreu após a fala de Macron sobre o desmatamento.
Canadá
Outro líder que se pronunciou sobre a destruição da Amazônia foi o primeiro ministro do Canadá, Justin Trudeau, que disse não poder “concordar mais” com o posicionamento de Macron e acrescentou que “precisamos agir” pela floresta e “agir pelo nosso planeta – nossos filhos e netos contam conosco”, disse por meio do Twitter.
Finlândia
A lista de países que reagiu ao desastre ambiental da gestão Bolsonaro também inclui a Finlândia. Lá, o ministro das Finanças Mika Lintila afirmou que, tanto o país como a União Europeia, deveriam “rever com urgência a possibilidade de proibir as importações brasileiras de carne bovina”. O caso mostra como o desgoverno de Jair Bolsonaro ameaça as relações comerciais do Brasil.
Países Árabes
No âmbito das relações comerciais entra a briga de Bolsonaro com os países árabes. Ainda antes de ser empossado, ele anunciou que mudaria a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Diante disso, a Arábia Saudita vetou a compra de carne de ave de cinco frigoríficos brasileiros, ação que foi vista como retaliação. A transferência não chegou a ser concretizada, mas, em abril, Jair voltou a tocar no assunto e anunciar que abriria um escritório comercial em Jerusalém o que causou ainda mais reações negativas na região.
A insistência de Jair Bolsonaro em reconhecer Jerusalém como capital de Israel mexe em uma ferida antiga, do conflito com os palestinos que afeta a região desde o início do século XX e até hoje não tem solução.
Argentina
As brigas de Bolsonaro não se limitam a questão ambiental e criação de entraves comerciais. Seu desrespeito com aqueles que pensam diferente tem dificultado as relações do Brasil com países vizinhos, como é o caso da Argentina.
Com a vitória de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, Jair atacou a chapa que chegou a chamar de “bandidos de esquerda”. Em resposta, Fernandéz chamou Jair de “racista, misógino e violento”. Caso a vitória da dupla se confirme nas eleições, em outubro, o impasse pode trazer consequências negativas para o Mercosul.
Cuba
Eis aqui um exemplo de que Bolsonaro está mais preocupado em levar adiante suas sandices do que propriamente governar o Brasil. Antes mesmo de assumir o cargo ele já havia chamado os cubanos de cascavéis, terroristas e criticado o Mais Médicos. Sem provas, afirmou que os profissionais cubanos que vieram ao Brasil pelo programa para formar “núcleos de guerrilha do PT”.
Ao declarar guerra a Cuba sem qualquer justificativa plausível, Bolsonaro acabou por instaurar uma das mais graves crises do seu governo à época ao deixar milhões de brasileiros sem direito à saúde.
Venezuela
Mesmo sem saber exatamente o que fala, Bolsonaro sempre criticou o país vizinho como exemplo de decadência ou destino para possíveis exilados políticos. “Nas próximas eleições, vamos varrer essa turma vermelha no Brasil”, disse em discurso no Piauí, afirmando que vai “mandar os esquerdistas para Cuba ou Venezuela”.
Antes, ele já declarou apoio a Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, durante sua tentativa de derrubar Maduro, em abril. Este, por sua vez, apelou às Forças Armadas brasileiras. “Faço um chamado às forças militares do Brasil a deter a loucura de Jair Bolsonaro e sua ameaça de guerra”, disse o líder chavista, que qualificou o presidente brasileiro como “filhote de fascista” e “imitador de Hitler”.
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações do Estadão