Jair Bolsonaro voltou, na noite de quinta-feira (10), a atacar a democracia do país com suas mentiras. Durante uma live na internet, afirmou que as pesquisas (aquelas que mostram Lula na frente e sua popularidade despencando) não são confiáveis e disse que especialistas do Exército teriam levantado “dezenas de vulnerabilidades” no sistema eleitoral brasileiro.
Acabou desmentido, horas depois, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que explicou em nota: um representante das Forças Armadas na Comissão de Transparência Eleitoral apenas enviou perguntas à Corte, que estão sendo respondidas, o que é muito diferente de identificar vulnerabilidades. Para Bolsonaro, no entanto, pouco importa a verdade. Sua estratégia, já ficou claro, é, no pior estilo Donald Trump, espalhar fake news para que seus seguidores não aceitem sua derrota nas urnas.
E pior: faz isso o tempo inteiro, mesmo quando não está dando declarações esdrúxulas como a de quinta-feira ou publicamente flertando com o golpismo, como fez no Dia da Independência ou no patético desfile de tanques na Esplanada. É o que mostra estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (DAPP-FGV), que analisou a estratégia de desinformação eleitoral no Brasil. Os autores descobriram que, nos últimos 15 meses, foram feitas 394.370 postagens no Facebook sobre alegadas fraudes eleitorais, o que gerou mais de 111 milhões de interações.
E de onde partem essas postagens? De perfis ligados a Bolsonaro e seu Gabinete do Ódio. Entre os maiores disseminadores de fake news, estão, segundo a pesquisa, as contas do próprio Bolsonaro e dos deputados federais Carla Zambelli (PSL), Bia Kicis (PSL-DF) e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), além de grupos simpáticos ao atual presidente.
“Intensa campanha de desinformação”
“A campanha de desinformação contra o processo eleitoral não arrefeceu, continua muito intensa e é comandada por um mesmo grupo de pessoas e grupos”, disse o chefe da DAPP-FGV Marco Ruediger, à Folha de S. Paulo. Segundo ele, “a mobilização vem de pessoas públicas, que incitam grupos. É desinformação muitas vezes custeada com dinheiro público, impulsionada com fundo partidário”.
Na avaliação de Ruediger, o TSE deveria monitorar essas contas, que podem acabar envolvidas em tumultos e questionamento do resultado durante a eleição. “Existe um processo de naturalização desse discurso, estão preparando terreno para contestar os resultados, da mesma maneira que políticos republicanos nos EUA fizeram em 2020”, alerta o especialista.
A constatação é óbvia: Bolsonaro não tem apreço algum pela democracia e está, claramente, trabalhando para enfraquecê-la. O Brasil e suas instituições não podem aceitar que ele e seu grupo ataquem a soberania popular dessa forma. O que Bolsonaro faz é um atentado à vontade do povo.
Da Redação