Partido dos Trabalhadores

Bolsonaro muda direção da Embrapa e ameaça agricultura familiar

Representantes do setor alertam que escolha do novo presidente da empresa, destituído pela ministra da Agricultura, atenderá aos interesses da bancada ruralista

Reprodução

Tereza Cristina e Jair Bolsonaro

Para o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf), as mudanças anunciadas por Jair Bolsonaro (PSL) na gestão da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vão atender aos interesses do agronegócio.

Em entrevista ao Seu Jornal, da TVT, representantes da entidade alertam sobre riscos ao desenvolvimento da agricultura familiar, apoiada pela Embrapa em seus múltiplos focos de desenvolvimento de pesquisa. Desde 2016 os trabalhadores do órgão denunciam ofensivas pelo desmonte da empresa e agora assistem ao rompimento de uma regra histórica por parte da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que no dia 17 destituiu Sebastião Barbosa da direção da Embrapa, e agora anuncia “um processo de seleção” para a escolha do novo presidente.

Em reunião com a bancada ruralista no início de julho, o próprio Bolsonaro chegou a declarar que estaria com a ministra analisando nomes para indicar à presidência. “A Embrapa vai ser repotencializada sim”, afirmou. Presidente do Sinpaf, Carlos Henrique Garcia explica que historicamente a seleção sempre atendeu a critérios técnicos.

“É importante que esse processo seja público, transparente, onde os pretensos candidatos possam se colocar à disposição do governo seus currículos e proposta de gestão para a empresa”, descreve Garcia.

Para o diretor da entidade Marcos Vinícius Sidoruk Vidal, da forma como a escolha vem sendo pautada pelo governo Bolsonaro, fica claro o intuito “sai da esfera de dentro da Embrapa, com seus critérios de pesquisa pública, para ter uma dimensão muito mais voltada ao mercado e aos interesses da bancada ruralista”.

O general Oswaldo de Jesus Ferreira é o mais cotado para assumir o cargo. Mais um general entre os mais de 40 militares em postos de comando do governo Bolsonaro. Os trabalhadores temem pelo futuro não só dos funcionários, mas também da política de pesquisa agropecuária que poderá ser focada para determinados campos e interesses. “Deixando de lado a agricultura familiar, a agroecologia, o pequeno produtor, e só pensando em projetos que atendam aos grandes produtores e exportadores de commodities”, avalia o diretor do Sinpaf.

Por Rede Brasil Atual