O aumento desumano no preço dos combustíveis, anunciado na semana passada pelos diretores da Petrobras nomeados por Jair Bolsonaro, deve levar dezenas de milhares de motoristas de aplicativo a abandonar a atividade. A previsão é da Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp).
“O motorista já estrangulou tudo que tinha para estrangular”, disse o presidente da associação, Eduardo Lima, ao jornal O Estado de S. Paulo. Segundo ele, as empresas de app anunciaram reajustes no valor pago por quilômetro rodado, mas a medida não é suficiente para cobrir os custos dos motoristas.
Lima conta que, só na cidade de São Paulo, cerca de 35 mil motoristas deixaram de rodar no ano passado por conta dos sucessivos aumentos, e, desses, 30 mil não retornaram mais às ruas. Agora, com a nova elevação dos preços, Lima estima que outros 30 mil devem desistir de trabalhar via aplicativo.
A opinião é compartilhada pelo diretor executivo da Associação de Motoristas de APP do Rio de Janeiro, Denis Moura. “Era um movimento que já vinha acontecendo e, com o aumento do preço dos combustíveis, deve-se acelerar”, disse, também ao Estadão.
Bomba armada por Bolsonaro
A situação em que esses motoristas se encontram é resultado de uma bomba que o governo Bolsonaro armou e que o conflito na Europa detonou.
Após assumir a Presidência, Bolsonaro adotou uma política na Petrobras que se lixa para a situação do povo e só se preocupa em atender os interesses dos acionistas e das empresas americanas que querem vender gasolina importada no Brasil.
O ex-capitão nomeou para a diretoria da Petrobras pessoas que mantiveram a política de equiparar o preço dos combustíveis ao mercado internacional, em dólar, só para que a gasolina produzida pelos Estados Unidos possa ser vendida aqui. Além disso, esses diretores de Bolsonaro fatiaram e venderam grande parte da empresa pública (o que, aliás, deu muito dinheiro aos grandes acionistas), reduzindo a capacidade do Brasil de produzir a própria gasolina e regular o preço internamente.
Com a crise provocada pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia e pelas sanções econômicas aplicadas por Estados Unidos e Europa, o preço do petróleo disparou. E, como a ordem na Petrobras é acompanhar o preço internacional, essa elevação acabou repassada para os consumidores brasileiros, que acabam pagando a conta, especialmente os motoristas de aplicativo e caminhoneiros.
Da Redação