A CPI da Violência contra Jovens negros da Câmara dos Deputado esteve em João Pessoa (PB), na sexta-feira (3), para mais um audiência externa. Essa é a terceira viagem de uma séria feita pela comissão, que esteve no Pará e o Rio de Janeiro no mês passado.
A escolha pelo estado se justifica em números. De acordo com o Índice de Vulnerabilidade Juvenil (IVJ) – Violência e Desigualdade Racial, divulgado em maio pela Unesco, a região apresenta o maior risco de jovens negros serem assassinados. A chance é 13,4 vezes maior do que um jovem branco ser morto.
O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), presidente da comissão, afirma que o Brasil é tolerante com os assassinatos de jovens negros. “A violência contra o jovem negro e pobre se naturalizou na sociedade”, disse.
“Não podemos mais aceitar que ninguém seja responsabilizado nos casos de violência, principalmente quando se sabe que entre os principais motivos da mortalidade desses jovens está no modos de repressão policial”, alertou o parlamentar, em sua página no Facebook.
O petista acredita que a solução para reverter as altas taxas de homicídio é reconhecer o problema arraigado do racismo no Brasil.
Reginaldo Lopes e o deputado Luiz Couto (PT-PB), juntamente com outros parlamentares, estiveram na comunidade Março Moura, no bairro Tibiri II, local onde nos últimos três anos houve o maior número de casos de violência contra os jovens negros e pobres no estado. O dado é dos movimentos negros da Paraíba.
A intenção é fazer um diagnóstico para colaborar com o fortalecimento de políticas públicas. “Podemos considerar que há um genocídio com a juventude negra. Temos que levar emprego e educação para não deixar que nossos jovens sejam aliciados para o crime”, afirma o deputado Luiz Couto.
Segundo dados do Mapa da Violência de 2014, a taxa de homicídios no Brasil aumentou 148,5% de 1980 a 2012, totalizando mais de 1,2 milhões de vítimas. A pesquisa revela ainda que das 56.337 pessoas assassinadas no Brasil em 2012, mais de 30 mil vítimas são jovens e, destes, 92% são homens e 77% das vítimas, negros.
De acordo com Reginaldo Lopes, a comissão tem o objetivo de traçar metas para resolver o problema, pretende dar maior visibilidade para esse tema e quer também obrigar cada município e estado brasileiro a entregar um plano de enfrentamento aos homicídios e violações de direitos.
Assim que foram concluídas as audiências externas, a comissão deve apresentar um relatório final no próximo dia 17 de julho. Caso isso não seja possível, Reginaldo Lopes afirma que o prazo para o fim da CPI deve ser estendido do dia 2 de agosto para o dia 17 do mesmo mês.
Por Danielle Cambraia, da Agência PT de Notícias