A parcela da população brasileira com privação de bens caiu de 4% para 3,1%, entre 2006 e 2012 (22,5% menos), segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado nesta quinta-feira (24). No mesmo período, a fatia da população próxima à esse estado de pobreza multidimensional caiu de 11,2% para 7,4%. E a proporção de pessoas em pobreza severa passou de 0,7% para 0,5%.
Essas proporções são baseadas no novo indicador do PNUD, o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), que vai além de estimar o grau de desenvolvimento com base na expectativa de vida, na renda e na educação – como o já conhecido Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
O novo IPM usa critérios mais abrangentes para avaliar o padrão de vida de um país, ao levar em conta indicadores de saúde (nutrição e mortalidade infantil), educação (anos de estudo e taxa de matrícula) e a qualidade do domicílio (gás de cozinha, banheiro, água, eletricidade, piso e bens duráveis).
Política econômica – O representante residente do Pnud no Brasil, Jorge Chediek, considera acertada a política adotada pelo Brasil de ampliação dos gastos públicos e os programas sociais após a crise econômica global de 2008. “A crise financeira internacional criou sérios problemas para o Brasil, ameaçando a geração de empregos e o progresso social”, disse Chediek, para quem a estratégia deveria ter sido seguida pelos países avançados “A receita não foi seguida nos países desenvolvidos, que cortaram gastos e agravaram o desemprego e a vulnerabilidade da população”, comparou.
IDH – O Brasil subiu uma posição no ranking mundial de IDH em 2013, passando para o 79º lugar. Apesar da melhora, o Brasil continua abaixo de outros países latino-americanos como Chile, Argentina, Cuba e Uruguai. Com IDH 0,744, o Brasil é considerado um país de alto desenvolvimento humano por ter registrado nota acima de 0,7. O IDH varia de 0 a 1, grau máximo de desenvolvimento.
Enquanto o ranking do IDH é de 187 países, o novo IPM lista 91 nações, no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2014, sem fazer comparação entre países por causa da falta de padronização dos dados internacionais.
O IDH usa estatísticas do Banco Mundial, da Organização Mundial do Trabalho e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Já o Índice de Pobreza Multidimensional, no caso do Brasil, baseia-se na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A melhor maneira de comparar o Brasil é com ele mesmo. Os indicadores mostram que há uma evolução significativa na redução da pobreza multidimensional”, diz Andréa Bolzon, coordenadora do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil.
De acordo com ela, o principal objetivo do IPM é retratar a pobreza não apenas em função da renda. Pelos padrões internacionais, a linha de pobreza está fixada em US$ 1,25 por pessoa por dia. “O Índice Multidimensional de Pobreza procura não captar apenas a renda, mas as condições materiais de sobrevivência.”
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Agência Brasil