“O Brasil só vai encontrar paz quando encontrar justiça. E a justiça só será feita quando Lula subir a rampa do Palácio do Planalto”, afirmou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Haddad participou hoje (3) do Festival Lula Livre em Paris, no Teatro Du Soleil, ao lado dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
O Festival Lula Livre em Paris contou com apresentações musicais e artísticas contra a violência da Polícia Militar, por mais escolas e menos prisões, contra a morte de jovens periféricos e mulheres. O evento compõe a agenda europeia do ex-presidente nesta semana – além de Paris, irá a Genebra e Berlim.
Haddad falou sobre o momento que o Brasil está vivendo: “O arbítrio chegou ao poder pelo voto e temos de entender como isso aconteceu”, refletiu. “Para que o atual presidente (Jair Bolsonaro) chegasse ao poder houve um grande desgaste das instituições democráticas”, disse lembrando a sabotagem contra o governo Dilma Rousseff pela oposição derrotada, o processo de impeachment.
Para o ex-prefeito, apenas através de vias golpistas a extrema-direita consegue alcançar o poder no Brasil. “Foram três golpes sucessivos para que essa vergonha de presidente chegasse ao poder. Há mais petistas capazes de chegar à Presidência da República, do que golpes que ele possam nos dar. Portanto eles têm um problema pela frente, vão ter de nos enfrentar novamente numa eleição e num ambiente democrático que vamos defender com a própria vida se for necessário.”
Os números de 13 anos de governos petistas embasaram a fala de Haddad. “Com Lula, os de baixo se viram pela primeira vez representados na história. Foi com Lula que quase 20 milhões de brasileiros conheceram a energia elétrica, 12 milhões conheceram a água potável, 40 milhões deixaram a extrema pobreza. Foi com Lula e Dilma que 3 milhões passaram a ter casa própria. E o que considero das coisas mais relevante – e vou me incluir nessa – que milhões de pretos e pobres tiveram as portas das universidades abertas”, disse o ex-prefeito, que foi ministro da Educação de 2005 a 2012.
Agradecimento
O evento foi marcado por falas agradecimentos à concessão a Lula do título de Cidadão Honorário de Paris. Dilma enalteceu o internacionalismo da solidariedade e da luta democrática. As falas eram intercaladas com apresentações performáticas preparadas para o Festival Lula Livre em Paris.
“Vocês estiveram junto conosco denunciando que havia no Brasil um golpe de Estado que a mídia e a elite queriam esconder. Agradeço por isso. Vocês nos ajudaram a romper uma cortina de mentiras e falsas interpretações. Vocês nos ajudaram a levar uma campanha de denúncia da prisão ilegal do presidente Lula. Mostraram que Lula, acima de tudo era inocente. Que contra ele não havia provas e não havia crime. Vocês difundiram isso aqui, na França e com companheiros de outros países europeus. Sobretudo vocês romperam a barreira de silencio, de mentiras”, disse Dilma.
A ex-presidenta lembrou que a ascensão da extrema-direita tem por trás interesses obscuros internacionais e empresariais. Além disso, essa história de terror começou com ela.
“Não deixariam esse golpe ser derrotado dois anos depois. Lula era o grande líder da resistência no Brasil e tinha de ser impedido de concorrer às eleições presidenciais de 2018 (…) O resultado foi a eleição de um neofascista que tem por objetivo a destruição da soberania do país. Primeiro com o absoluto desprezo pela Amazônia, perseguindo as lideranças indígenas, ambientais, e procurando de todas as formas corroer a maior empresa de petróleo da América Latina. E ao mesmo tempo destruindo os direitos dos trabalhadores, o sistema previdenciário do país, fazendo voltar a fome da qual tínhamos saído em 2014, destruindo todas as políticas sociais dos nossos governos que tinham mudado a distribuição de renda do Brasil.”