Partido dos Trabalhadores

Brasil ultrapassa 3.125 mortes em média e bate mais um recorde

Pela 1ª vez, jovens são maioria nas UTIs. Comitê de Bolsonaro para enfrentamento da pandemia não apresenta qualquer plano, 20 dias depois de criado

Site do PT

Pela primeira vez desde o início do surto, pessoas com menos de 40 anos são maioria nas UTIs do país

A escalada de mortes por Covid-19 continua acelerando à medida que o vírus se alastra livremente no país. Nesta segunda-feira (12), mais um recorde na média móvel de mortes foi batido, com o registro de 1.738 mortes em 24h, elevando a média móvel semanal para 3.125 óbitos. Trata-se da maior desde o início da pandemia. Os dados indicam que os temores dos especialistas irão se confirmar e o Brasil deve fechar o mês de abril com mais de 100 mil vítimas fatais. De acordo com o balanço do consórcio de veículos de imprensa, o país já ultrapassou 355 mil mortes e 13,5 milhões de casos da doença.

O Brasil também assinala inacreditáveis 82 dias com mais de mil mortes diárias em média e 27 dias com dois mil óbitos. E, pelo terceiro dia, o patamar de três mil vítimas fatais foi atingido. Além disso, a média móvel de novos casos sem mantém alta: são 71,1 mil novos diagnósticos de Covid-19, apesar de uma queda de 6% nas duas últimas semanas. 11 estados e o Distrito Federal apresentam tendência de alta de mortes.

Para se ter uma ideia da catástrofe, somente em abril, 33.145 mortes foram registradas, configurando o segundo pior mês da pandemia, à frente do mês de julho. À época, foram computados 32.912 óbitos em decorrência da doença. “Nós sabíamos que, em abril, iríamos ainda manter esses números altos de internação, pressão por leito de UTI e óbito”, resume a epidemiologista e professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, em depoimento ao G1.

Jovens são maioria em UTIs

Pela primeira vez desde o início do surto, pessoas com menos de 40 anos são maioria nas Unidades de Tratamento Intensivo ( UTI ) do país. O índice bateu recorde em março, com 52,2% dos. Os dados são da plataforma UTIs Brasileiras, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).

“Nós ainda estamos mantendo muitos casos novos todos os dias, o que indica que, no mês de abril nós ainda teremos muitos casos, muita pressão por leito de internação, e, ainda, muitos óbitos”, alertou Maciel.

20 dias depois, comitê não trabalha

O quadro é de desalento, uma vez que não há sinais de que medidas coordenadas para frear o vírus serão tomadas em nível nacional. 20 dias depois de sua criação – com um atraso de mais de um ano, no fim de março – o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19 até hoje não apresentou um esboço de plano para integrar ações de enfrentamento da pandemia no país, apesar do anúncio de Bolsonaro de que o grupo iria se reunir semanalmente, o que não ocorreu.

No fim de semana, editorial da Folha concluiu que, “por ora [o comitê] não passa de mais uma farsa para desviar a atenção da incompetência e das sabotagens presidenciais”. Sem maiores cobranças da sociedade civil, a farsa deve continuar pelos próximos dias, ao lado do contador de mortos do Ministério da Saúde.

Campanha de vacinação é um desastre

Para piorar, além da lentidão na vacinação, a desastrosa campanha de imunização do governo federal carece de uma estratégia clara de comunicação para orientar a população sobre a importância da vacina. Como resultado,  mais de 1,5 milhão de brasileiros deixaram de tomar a segunda dose da vacina.

Mais de quatro meses depois que o mundo iniciou a aplicação de doses de vacinas variadas, apenas 3,49% da população brasileira recebram as duas doses necessárias para uma imunização segura.

Lockdown urgente e vacinação em massa

Enquanto a vacinação não avança, a única medida segura para impedir o avanço da doença é um fechamento total das atividades não essenciais do país. Segundo o pesquisador José Luiz Proença Módena, um dos autores de um estudo sobre a variante P.1 que foi publicado na revista científica The Lancet, o momento é grave e, por isso, as medidas  de restrição da circulação de pessoas devem ser redobradas.

“Temos um cenário muito favorável ao surgimento e disseminação dessas variantes, por uma série de aspectos: uma população enorme e muitas vezes com alta densidade populacional em áreas específicas, grande diversidade de pessoas com background genético e condições de vida muito diferentes, e que grosso modo não estão respeitando as medidas que visam conter a transmissão, mesmo que muitas vezes por uma necessidade de subsistência. O vírus está circulando livremente”, aponta Módena.

Além de um lockdown nacional, o pesquisador defende a ampliação da vacinação em massa.  “O momento requer que todas as medidas sejam redobradas. Sou totalmente favorável que o lockdown seja adotado de imediato no país todo, e um programa de vacinação em massa”.

Da Redação, com G1, Folha e Jornal da Unicamp