A VI Cúpula dos Brics (reunião de Brasil, Rússia, India, China e África do Sul) resultou em quatro acordos de entendimento e um pacote de US$ 200 bilhões para constituir, tanto o novo Banco de Desenvolvimento (US$ 100 bilhões), como o fundo de reservas (outros US$ 100 bilhões).
O anúncio dos acordos foi feito pela presidenta Dilma Roussef, após reunião de duas horas com os demais chefes de Estado e de governo reunidos no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, na terça-feira (15).
Dilma informou que, inicialmente, o banco vai receber aporte de US$ 50 bilhões. “O Banco representa uma alternativa para as necessidades de financiamento de infraestrutura nos países em desenvolvimento, compensando a insuficiência de crédito das principais instituições financeiras internacionais”, disse Dilma. “Com esse acordo, contribuiremos também para o fortalecimento da estabilidade financeira global, ao complementar os mecanismos financeiros existentes, liberando o Fundo Monetário Internacional para acudir às economias vulneráveis”, explicou a presidenta.
O primeiro dos quatro acordos se destina a fortalecer o mecanismo de crédito à exportação entre os cinco países; o outro define a inovação como veículo de cooperação entre os bancos de desenvolvimento nacionais; o terceiro cria um fundo de reservas de contingência para socorrer os países membros e terceiros em momento de crise de pagamentos; e, o último acordo propõe a criação do Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics, cujo objetivo é financiar a infraestrutura dos países emergentes.
A primeira reunião para dar prosseguimento ao Plano de Ação será realizada nessa quarta-feira (16) em Brasília, para onde Dilma e o presidente Vladimir Putin (Rússia) seguiram após o encerramento da Cúpula. A presidenta também afirmou que temas como educação, ciência e tecnologia, parcerias industriais, cultura, turismo, transportes aéreo e marítimo, enfrentamento do crime internacional (especialmente narcotráfico e terrorismo) também foram abordados pelo grupo.
Dilma lembrou que os Brics são os países que mais cresceram nos últimos tempos e que são essenciais para a prosperidade e mitigação da crise financeira internacional. “Vivemos também tempos de grandes oportunidades, com o acelerado avanço de novas tecnologias, a multiplicação do comércio e as possibilidades de reorganização do sistema internacional em termos mais democráticos e equitativos. Em tal conjuntura, nossos países têm a obrigação de se manifestar, de se fazer escutar, de atuar”, disse a presidenta.
Para a presidenta, os países do Brics reiteraram o compromisso com um multilateralismo transparente, democrático e eficaz, que aponta para um mundo multipolar. “Nosso ativismo não deve ser confundido, no entanto, com o exercício de poder hegemônico ou o desejo de dominação. Tampouco deve ser visto como uma opção estratégica contrária ao interesse de outros países. A força do nosso projeto é o seu potencial positivo de transformação do sistema internacional, que queremos mais justo e igualitário”, defendeu.
Por Márcio Morais, da Agência PT de Notícias