Em setembro, militantes de movimentos sociais, partidos de esquerda e organizações populares de todo país participaram em Belo Horizonte da Conferência de lançamento da Frente Brasil Popular.
Trata-se de defender com todas as forças a democracia contra o golpismo da direita e de setores do Estado ao mesmo tempo em que se pressiona o governo e o Congresso Nacional contra a retirada de direitos e por mudanças na política econômica.
A Frente Brasil Popular ocupou as ruas nos dias 2 e 3 de outubro com atos em 22 estados. Além da defesa da democracia e das mudanças na economia, as mobilizações realizadas nos marcos de 62 anos da Petrobrás trataram com centralidade da defesa da soberania popular sobre o petróleo brasileiro em razão das investidas da direita contra a participação exclusiva da empresa na exploração do Pré-Sal e o desmonte do sistema de partilha.
Fica clara a importância da articulação da FBP nos estados e municípios e o acerto político em apostar numa frente de mobilização aberta à ampla participação popular, organizada a partir de um programa comum, sem medo ou veto à participação dos partidos de esquerda.
De lá pra cá, a direita brasileira segue em ofensiva contra o governo Dilma, o PT e a esquerda em todas as frentes. O debate sobre o rito dos pedidos de impeachment na Câmara dos Deputados, a reabertura da investigação do TSE contra a campanha da presidenta Dilma e o parecer contra as contas do governo de 2014 no TCU reforçam as posições dos que na direita não descartam a defesa de um golpe jurídico-parlamentar contra o mandato popular da presidenta da república.
Frente a isso, o governo aparenta redobrar a aposta na política econômica comandada pelo ministro Joaquim Levy e na estratégia de conciliação com a direita. Na economia, a persistência com a política de ajustes acompanhada da manutenção das altas taxas de juros seguem deprimindo a economia, agravando o quadro recessivo, de desemprego e a diminuição dos investimentos e dos gastos sociais.
Esta mesma estratégia de conciliação esteve presente na condução da reforma ministerial. A rendição ao discurso conservador sobre o “gigantismo” do Estado, a consequente diminuição de ministérios e áreas do governo responsáveis por políticas sociais e de promoção de direitos importantes para os movimentos sociais e a ampliação da participação do PMDB com o intuito de construir uma maioria contrária ao impeachment, sinalizam neste sentido.
Além disso, a ofensiva contra os setores populares chocou o ovo da serpente do conservadorismo, da intolerância e da violência. O atentado ao Instituto Lula, a agressão ao dirigente do MST João Pedro Stédile e a odiosa manifestação no velório do ex-presidente do PT José Eduardo Dutra reforçam a necessidade do campo democrático-popular responder com dureza a este tipo de ação. Não há diálogo ou contemporização com fascistas. Temos que deixar claro para o conjunto da direita brasileira que a opção deles pelo golpismo e por este tipo de ação terá um alto preço e resistência.
Em sintonia com a recente decisão do STF, é fundamental sustentar o veto da presidenta Dilma ao financiamento empresarial de campanha. Além disso, o PT também deveria apoiar formalmente o afastamento do presidente da Câmara Eduardo Cunha de suas funções em razão das greves denuncias sobre atividades ilícitas e quebra de decoro que recaem sobre o deputado.
No campo das alternativas, foi muito importante divulgação do documento “Por um Brasil justo e democrático”, apontando um diagnóstico da crise atual e propostas para uma nova política econômica.
No movimento social, as decisões e lutas aprovadas pelo Congresso da CUT neste mês de outubro também reforçarão o papel decisivo que nossa maior central sindical tem jogado no último período e a centralidade do movimento sindical na Frente Brasil Popular e na ampliação das lutas de massas.
De igual modo, também tem sido positiva a disposição de cada vez mais setores do PT e do petismo em enfrentar as posições majoritárias do partido, passando a defender abertamente uma posição que articule a luta contra a direita e por outra política econômica com a realização de um Encontro Nacional Extraordinário que reposicione o PT na luta política do país.
Devemos nos considerar em estado permanente de mobilização. A gravidade da ofensiva conservadora contra a democracia e contra nosso projeto exige que tenhamos apoio popular de massas contra a direita e o golpismo. Para conquistar esse apoio e recompor com os trabalhadores, movimentos sociais e setores populares que foram decisivos para chegarmos até aqui, precisaremos mudar a política do governo e do PT. Um caminho que combina a defesa da democracia e do programa eleito em 2014.
Bruno Elias é secretário nacional de movimentos populares do PT