A pouco mais de cinco meses das eleições no Brasil, Jair Bolsonaro e seus cúmplices dão sinais de que estão preparando, como fizeram em 2018, uma campanha suja e baseada em mentiras.
Diferentes especialistas alertam que o perfil no Twitter do ex-capitão e de vários de seus apoiadores tiveram uma explosão repentina no número de seguidores. E que a maioria desses novos seguidores são contas falsas, que só servem para replicar as mentiras que Bolsonaro e sua gangue adoram disseminar pela internet.
Um dos primeiros a dar o alerta foi Pedro Barciela, especialista em monitoramento e análise de redes sociais on-line. Na tarde de terça-feira (26), ele avisou que no domingo e na segunda-feira Bolsonaro ganhou 31 mil seguidores, 155% a mais do que ganhou nos dois dias anteriores. E algo semelhante ocorreu com bolsonaristas.
“Algo se moveu e não foi orgânico”, disse Barciela. No linguajar da internet, orgânico é aquilo que é espontâneo e verdadeiro. Algo que não é orgânico é falso e armado.
Horas depois, já na noite de terça-feira, o especialista atualizou os dados: em 24 horas, Bolsonaro ganhou 88 mil seguidores. E citou um dado divulgado pelo especialista em tecnologia dos Estados Unidos Christopher Bouzy: dessas 88 mil contas, 58% foram criadas de segunda para terça-feira. Ou seja, são provavelmente contas falsas, os chamados robôs ou bots.
O especialista citado por Pedro Barciela também duvida que Bolsonaro e sua gangue tenham sido capazes de ganhar tantos seguidores sem trapacear.
“Estão me perguntando se eu acredito que as novas contas seguindo Jair Bolsonaro são orgânicas, e a resposta curta é não. Eu não acho que dezenas de milhares de brasileiros decidiram criar novas contas ao mesmo tempo e seguir Bolsonaro porque Elon Musk está comprando o Twitter”, escreveu Bouzy.
Compra do Twitter preocupa
No seu tuíte, Bouzy se refere à compra bilionária do Twitter pelo homem mais rico do mundo, Elon Musk, que decidiu pagar US$ 44 bilhões pela rede social.
Os especialistas dizem não poder afirmar que a enxurrada de robôs nas contas dos bolsonaristas tenha ligação direta com a compra feita por Musk. Mas estão preocupados com as intenções do multibilionário, que passará a controlar, sozinho, uma das mais influentes redes sociais do mundo. Sob seu domínio, o Twitter corre o risco de virar um terreno ainda mais fértil para fake news, a arma política preferida dos Bolsonaros.
Musk é conservador e não esconde seu apreço por políticos da extrema-direita. Não é absurdo pensar que tenha o interesse em usar sua fortuna para direcionar a política mundo afora.
É o que pensa Caio Vieira Machado, advogado e cofundador do Instituto Vero, organização voltada para a defesa de direitos na esfera pública digital. “O maior interesse do Musk é comprar um pedaço da esfera pública de discussão mundial e ter a capacidade de ajustar a arquitetura desse espaço”, disse Machado ao G1.
Da Redação