Os militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de movimentos ligados à Via Campesina realizaram, neste sábado (11), o primeiro de quatro dias de marcha rumo a Brasília para acompanhar o registro da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, que ocorre no dia 15, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mais de cinco mil pessoas participam do ato político itinerante, organizado em três “colunas” que reúnem, cada uma, de 1,5 mil a 2 mil militantes, organizados por região de origem. Cada coluna saiu de uma cidade diferente no estado de Goiás. A coluna Ligas Camponesas, batizada em homenagem à luta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais por terra, partiu de Formosa e reúne militantes de oito dos nove estados nordestinos – o Maranhão, na divisão dos movimentos, segue viagem com os estados da Amazônia brasileira. A coluna foi conduzida por militantes do estado do Ceará neste sábado.
O primeiro dia de marcha foi longo: foram mais de 20 km de caminhada até a unidade de Planaltina da Universidade de Brasília (UnB), onde os militantes montaram acampamento. No trajeto, animado com a bateria da Juventude do MST e do Levante Popular da Juventude, além de apresentações ao vivo nos caminhões de som e transmissões da Rádio Brasil de Fato, os militantes receberam o apoio de motoristas que passaram pelo ato, e foram até recepcionados por apoiadoras de Lula ao chegar à divisa de Goiás com o Distrito Federal.
A professora Maria Menezes Bonfim, de 58 anos, recebeu os marchantes com palmas no acostamento da estrada, acompanhada de uma amiga. Ela agradeceu aos militantes pelo comprometimento com a liberdade de Lula. “Eu moro em Sobradinho, vizinha de Planaltina, mas quando vimos que a marcha estava saindo de Formosa ficamos desde de manhã enlouquecidas para vir aqui receber os companheiros para dizer que estamos juntos nesta luta”, disse.
“Esta marcha tem um significado importantíssimo para a retomada da democracia no Brasil, por isso, todos os brasileiros que lutam por Justiça e por um mundo melhor estão aqui para defender que o Lula possa se candidatar nessas eleições. É uma grande ilegalidade o que está acontecendo. Lula tem direito de ser candidato”, completou.
José Roberto da Silva, um dos coordenadores estaduais do MST de Alagoas, ficou com a tarefa de animar a militância pelo sistema de som de um dos caminhões, mas explica que as pessoas já vieram motivadas para participar da marcha. “Há muita expectativa para o encontro com as outras colunas em Brasília e para o ato que realizaremos lá. Este é um momento histórico do qual participamos, não só da conjuntura nacional, mas internacional”, conta.
Silva ressalta ainda que, para a coluna Ligas Camponesas, composta de nordestinos, a defesa de Lula é uma causa muito emocional e emocionante. “Este episódio está mostrando para a base a quem pertencem os Poderes da República. Não é uma ação contra Lula, mas contra as políticas do seu governo, e, para nós, isso é muito grave. Desde a prisão de Lula todos nós vivemos em grande indignação. O governo de Lula foi a primeira vez que sentimos a presença do Estado em nossas vidas como uma coisa boa, um incentivo para todos nós, e agora o Estado desapareceu completamente”, afirma, referindo-se às consequências do golpe parlamentar que afastou a presidenta Dilma Rousseff (PT) e instituiu o governo Michel Temer (MDB).
Neste domingo (12), a marcha segue viagem rumo a Sobradinho.
Por Brasil de Fato