Em entrevista à Revista Brasileiros, o vice-presidente nacional do PT e coordenador de mídias sociais da legenda, Alberto Cantalice, deixa claras as suas posições sobre a disputa eleitoral que está sendo travada nas redes sociais.
Para ele, os candidatos devem deixar de lado os ataques, principalmente na internet, e partir para o confronto de ideias por meio da exposição de propostas para o País.
“A campanha tem que ser de propostas”, defende.
O dirigente defende a plena liberdade de opinião, condena o achincalhe praticado contra o PT pelos adversários e se coloca favorável à aprovação de projeto de lei que tramita no Congresso Nacional que garante o Direito de Resposta aos cidadãos.
“Eu acho que todos devem ter direito à opinião. Agora, o achincalhe, o deboche, essas coisas não fazem bem para a convivência”, afirma.
Leia a íntegra da entrevista:
Brasileiros – Como você viu a repercussão desse seu artigo que acabou virando uma “lista negra” de inimigos do PT?
Alberto Cantalice – Quem deu coloração para a lista foram os detratores. Não tem negócio de lista nenhuma. Isso é coisa daquelas pessoas que ficam falando insistentemente e em qualquer veículo de imprensa mal do PT, do governo e das políticas sociais, e o meu texto foi nesse sentido. Alguns ficam apenas no achincalhe. Eu sou a favor da plena e absoluta liberdade de opinião, assim como sou a favor do direito de resposta ser aprovado no Congresso, que é até um projeto do senador Roberto Requião (PMDB-PR). Eu acho que todos devem ter direito à opinião. Agora, o achincalhe, o deboche, essas coisas não fazem bem para a convivência.
Brasileiros – Eu li um artigo de uma dessas pessoas dizendo que não é apenas uma lista de jornalistas, mas também de professores, de escritores, enfim…
AC – Isso é conversa fiada! O PT tem um milhão e 800 mil filiados, tem centenas de jornalistas filiados, meu pai era jornalista, meu tio é jornalista, minha família inteira é de jornalistas. Não tem lista nenhuma. Isso é um processo de demonização e estigmatização do PT, como se o PT fosse o algoz e não a vítima.
Brasileiros – Você acha que realmente chegamos ao ódio nessa relação entre os dois principais partidos do País?
AC – Olha, a OAB, que é uma entidade respeitada na luta da defesa da democracia, fez uma reunião há duas semanas defendendo uma campanha limpa na internet, nas redes sociais, enfim. Se você olhar a quantidade de emails apócrifos que falam das nossas lideranças, de memes no Facebok até me atacando porque eu estou destacado nesse episódio, mas atacando também a Lula, a Dilma e até do outro lado também, atacando o outro candidato, os adversários. Isso tem que acabar! A campanha tem que ser de propostas. Por exemplo, eu sou contra fakes nas redes sociais, até porque quem quer escrever tem que colocar a cara lá. O cara escreve algo no Twitter, tem que ser responsável pelo que escreveu. Colocou um artigo no Facebook, tem que ser responsável pelo que escreveu. Aí o cara coloca lá uma máscara, um passarinho, um apelido e sai falando mal dos outros. Isso está errado.
Brasileiros – E dá para chegar num nível mínimo de concertação?
AC – Concordo, mas eu acho que tem que ser de todos. Hoje (quinta-feira, 26) o José Serra, por exemplo, escreveu um artigo na Página 2 [do Estado de S. Paulo] desancando o PT. E ele é uma figura de peso na sociedade, não é um militante, é um quadro histórico. Tudo isso vai acirrando, porque daí um responde de lá, outro responde de cá. Então tem que ser para todos. Você usou o termo certo: concertação. Eu acho que uma entidade como a OAB, por exemplo, tem legitimidade para puxar uma concertação.
Brasileiros – Mas esse entendimento é possível?
AC – Claro! Olha, da nossa parte eu quero te dizer o seguinte: nós estamos há 12 anos no governo e, logicamente, tem um grande número de pessoas que são contra as nossas políticas. Tanto que nós temos um percentual e os outros têm outros percentuais, então tem quem goste e quem não goste. Nós temos um legado que precisa ser divulgado depois de 12 anos de coisas que foram feitas, então não dá para perder tempo atacando ninguém. Eu acho que é um erro isso e eu não quero dar uma de bom moço, não, viu? Nós queremos fazer uma campanha mostrando o que a gente fez e dando ideias para frente. O adversário vai criticar o que a gente fez e vai dar ideias para frente. Eles estão certos em criticar, porque se eles não criticassem não seriam adversários, correto? Crítica é legítima e a nossa luta não é contra isso, nós não somos censores, não fomos nós que pedimos censura em lugar nenhum, agora não dá para aguentar o achincalhe. Porque se você me achincalha, eu te achincalho, daqui a pouco estamos nos xingando e não tem limite. Tem que ter o limite disso. E qual é o limite? A liberdade total de críticas.
Brasileiros – Então, entre os partidos não é possível pensar uma concertação? Precisa-se de uma entidade para mediar isso?
AC – Veja bem. Nós estamos numa disputa e o clima é quente. Eles nos criticam e nós os criticamos. Tem que ter alguém que faça uma mediação e quem vai fazer isso é o tribunal quando começar a campanha. Isso vai ter que parar. Quem se sentir vilipendiado na sua ação vai ter que recorrer aos órgãos competentes, que é o Tribunal Superior Eleitoral e os tribunais regionais. Eu acho até que quando a campanha começar isso vai ter um freio, porque o tribunal vai regrar. Mas se puder ter algo antes, alguma entidade, eu estou falando da OAB, mas pode ser qualquer organização de peso da sociedade brasileira, que queira fazer essa mediação, eu acho que seria de bom tom. Nós participaremos tranquilamente.
Da Redação da Agência PT de Notícias