A candidata à prefeitura de Fortaleza (CE), Luizianne Lins (PT), explicou na tarde de segunda-feira (19) como pretende tratar o assunto de segurança pública em sua gestão. Para ela, a Guarda Municipal “precisa ser uma guarda cidadã”.
Em suas gestões como prefeita, entre 2005 e 2012, o efetivo da Guarda aumentou em 60% e foram criados o Pelotão Ambiental e o Pelotão de Salvamento – que são os salva-vidas que ficam na orla fortalezense. Integrados a outros projetos nas comunidades, os números de homicídios e assaltos na cidade caíram durante este período.
Ela criticou o tom de medo colocado na campanha do Capitão Wagner (PR), que baseia grande parte de sua campanha em segurança pública e promete colocar armas nas mãos dos guardas municipais.
“É uma política sendo construída através do medo e do pavor. Fortaleza não pode se submeter a um toque de recolher simbólico que tire a alegre desta cidade”, analisou.
De acordo com Luizianne, a melhor forma da prefeitura cooperar em segurança pública (que é uma responsabilidade do governo estadual) é criar projetos que busquem uma cultura de paz para a cidade.
Como exemplo, ela citou o Protejo, um plano de ações com atividades de educação, formação profissional, esporte e lazer criado por ela no período em que foi prefeita de Fortaleza. O projeto voltado à juventude reduziu em 30% o número de homicídios e assaltos no Bom Jardim, considerado um dos bairros mais violentos da capital cearense.
A candidata petista também exaltou a criação dos Centros de Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Rede CUCA).
“Temos várias propostas de segurança pública que dialogam diretamente com a juventude. O maior símbolo disso são os CUCAs. Nós vamos fazer mais CUCAs em vez de discutir uma proposta de competência do estado. A prefeitura pode colaborar principalmente com uma cultura de paz”.
“Os CUCAs são a maior política voltada à juventude da América Latina. Eles representam o maior combate à violência e valorização da paz nas comunidades”.
Luizianne destacou, ainda, ter investido de forma sem precedentes na Guarda Municipal. Hoje, a Guarda, sob a gestão do prefeito e candidato à reeleição Roberto Cláudio (PDT), reclama até da falta de farda.
“O papel da força de qualquer instituição, seja prefeitura ou estado, não é para provocar violência e nem agir com violência. É para conter a violência”.
Vale a máxima: violência gera violência
Um dos motes da campanha do Capitão Wagner é armar a Guarda Municipal. No último sábado (17), porém, um caso de violência policial chocou os moradores de Fortaleza e simbolizou que uma guarda mais armada pode não ser o caminho mais eficiente.
Após uma discussão entre um motorista de táxi e uma passageira, que poderia ser rapidamente contornada, policiais militares e guardas municipais chegaram atirando balas de borracha a esmo contra a população que aproveitava a noite na Praça dos Leões, no centro da capital cearense.
A Praça dos Leões é um local de encontro e diversão da juventude fortalezense comparado a rua Augusta, em São Paulo, e à Lapa, no Rio de Janeiro.
“Em vez de conter a violência, a polícia causou mais violência”, criticou Luizianne.
Na contramão de políticas públicas para valorizar uma cultura de paz, Capitão Wagner afirma categoricamente que é preciso armar a Guarda Municipal. O que poderia acontecer na Praça dos Leões?
O capitão ganhou notoriedade política ao liderar uma greve de PMs em 2011. A cidade passou dias de pânico e, na prática, vivenciou um toque de recolher informal.
Boa parte do discurso do capitão está baseado em segurança pública. Tanto que seu slogan é “a segurança de um futuro melhor”. Porém, para especialistas, a segurança não se faz apenas com maior violência policial, como defendem muitos dos apoiadores do candidato.
“O que as pessoas não percebem é uma coisa muito simples: violência policial não diminui a criminalidade. O que diminui a criminalidade é trabalho policial bem feito”, explica Guaracy Mingardi, especialista em segurança pública e doutor pela Universidade de São Paulo (USP), que já atuou como subsecretário nacional de Segurança Pública, em entrevista para a “Agência Brasil”.
É bom lembrar: além de se aproveitar da cultura do medo, Capitão Wágner é do PR, mesmo partido que apoiou o golpe à democracia contra a presidenta eleita Dilma Rousseff.
Entre os deputados e senadores do PR que votaram pelo impeachment de Dilma estão Maurício Quintela (PR-AL), Capitão Augusto (PR-SP) e Tiririca (PR-SP). Além disso, sua candidatura é apoiada pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Por Bruno Hoffmann, de Fortaleza, para a Agência PT de Notícias