Como vagalumes alumiando a cabeleira da serra, a população de Currais Novos, Rio Grande do Norte, lotou o Largo do Tungstênio. Com celulares acesos na noite potiguar, receberam Lula neste domingo (27).
“É preciso conhecer a megadiversidade do Brasil para poder governar a partir da realidade das pessoas, e não da concepção que você tem, dos livros”, afirmou o ex-presidente, explicando para o público o belo propósito por trás de Lula pelo Brasil, projeto com o qual está percorrendo os estados do Nordeste até o próximo dia 5.
“Quando disputei as eleições em 1989, me dei conta de que candidato não consegue conhecer o país. Em campanha, você conhece o aeroporto e o palanque. Aí me deu vontade de viajar o Brasil para conhecer o Brasil e resolvi fazer caravanas.”
“Brasília é uma ilha de fantasia, e quem fica preso naquele palácio não vai nunca governar o país atendendo aos interesses dos brasileiros!”, provocou.
Lembrando o atraso histórico que fez com que o Brasil fosse o último país do mundo a abolir a escravidão, o último da América a ter independência, falou sobre a importância dos investimentos em educação. “A elite política que governa desde Cabral não tinha interesse em formar o povo, porque conhecimento faz com que as pessoas se libertem.”
“Em 12 anos, fizemos quatro vezes mais do que eles fizeram em cem anos”, prosseguiu. “E acho importante a mulher estudar, porque, uma mulher tem que morar com o homem porque ela ama esse homem, e não a troco de um prato de feijão ou de um pedaço de pão.”
Para Lula, a educação dá oportunidade para o Brasil ficar mais competitivo a nível internacional. “O Brasil não pode ficar só exportando soja e milho in natura ou minério de ferro. Temos que exportar conhecimento! É isso que é a riqueza de um país, e por isso estou fazendo essa caravana!”
“Essa perseguição que estou sendo vitimado não é uma perseguição ao Lula, porque o Lula já tem idade o suficiente, ja tem idade, aguenta o tranco. Estão tentando tirar do povo brasileiro as conquistas que tivemos nos últimos anos. Há quanto tempo esse povo não tinha direito de comprar uma casinha para morar, não tinha o que comer, vivia a base de candeeiro, que o produtor rural não conseguia financiamento?”
E por que os governos do PT conseguiram fazer o que mais ninguém fez? “Porque caráter não se compra na quitanda. Caráter a gente pega no berço”, explica Lula, ressaltando ainda a simbologia de tomar um copo de água do rio São Francisco em Campina Grande, na Paraíba. “Eu tomei um copo porque a água chegou e acabou o racionamento, e ela a transposição vai chegar ao Rio Grande do Norte!”
“Eu tenho 71 anos de idade, e quero dedicar o resto da minha vida para provar que esse país pode ser o melhor país do mundo, um que garanta a cada família comida, cultura, lazer e educação”, encerrou, não sem antes receber um cheiro de meninas que estavam na plateia.
O amor e a gratidão do Rio Grande do Norte por Lula
“O Rio Grande do Norte lhe ama – e muito – como todo o Nordeste!”, anunciou a senadora Fátima Bezerra recepcionando o ex-presidente Lula no ato.
E esse amor vem da profunda gratidão que o povo potiguar tem por tudo o que Lula já fez pelo estado. Nas palavras da senadora, foi nos governos de Lula e Dilma que a realidade local começou a mudar.
“Chegou Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, cisternas, a integração das bacias do São Francisco, em fase de conclusão, o Mais Médicos, e muitas e muitas conquistas enraizadas no solo potiguar, trazendo cidadania para o povo.”
“E é no campo da educação onde vamos celebrar os maiores avanços. Talvez pelo meu coração de professora, pela minha história e a de muitos de vocês aqui, que trazem no corpo as marcas da exclusão social, é que entendo o valor dos avanços na educação, que não foram poucos!”, disse ao presidente.
Lembrando que todas essas conquistas estão ameaçadas desde o golpe que tirou a presidenta Dilma Rousseff do Alvorada, Fátima Bezerra mandou ainda um recado: “Nós estamos aqui para dizer que não arredaremos o pé da luta! Que, a exemplo de 2002, nós não vamos deixar que o medo vença a esperança de maneira nenhuma, que não abrimos mão da nossa capacidade de sonhar e de lutar por um Brasil com emprego, educação, comida, com democracia, e com soberania popular.”
Comemorando a maciça presença no ato, o coordenador de Lula pelo Brasil, Marcio Macedo, citou que o projeto ocorre no momento mais difícil da democracia brasileira. E resumiu em três palavras a experiência: amor, gratidão e esperança.
“Estão com medo do povo que acompanha Lula, não têm coragem de fazer isso. Já imaginou Michel Temer fazendo isso? Nós vamos resistir nas ruas!”
Veja como foi o ato com Lula em Currais Novos (RN):
Por Mariana Zoccoli, enviada especial ao Nordeste com a caravana Lula pelo Brasil, para a Agência PT de Notícias