O Fórum de Defesa da Cidade, lançado na Câmara do Vereadores de São Paulo na quarta-feira (31) irá realizar a Caravana da Cidade Real, denunciando os desmontes e ataques a direitos promovidos pelo atual prefeito João Dória (PSDB) em oposição a seu slogan de marketing da “Cidade Linda”.
A primeira mobilização da caravana será na Vila Brasilândia para mostrar a paralisação nas obras do hospital municipal e do Centro de Educação Unificada (CEU) da região. Depois haverá outro ato em Parelheiros para mostrar a paralisação nas obras de outro hospital municipal, que recebeu R$ 145 milhões do PAC.
O fórum é formado por partidos progressistas, movimentos sociais, populares e sindicais e tem como objetivo lutar contra o desmonte das políticas públicas e impedir a venda da cidade pelo atual prefeito.
Segundo o vereador Paulo Fiorilo, eleito presidente do diretório municipal do PT, “a ideia do Fórum foi construída por muitas mãos”. Ele afirmou que “estamos vivendo momento de desmonte das políticas púbicas na cidade”.
O vereador Antônio Donato saiu da sessão na Câmara para participar do lançamento do Fórum e disse que “a sociedade paulistana começa a entender a verdadeira face da gestão Dória. As últimas semanas foram simbólicas nesse sentido, com o fracasso da Virada Cultural, o desastre na Cracolândia, a ocupação da Secretaria de Cultura. O governo tem dificuldade enorme de se relacionar com a sociedade”.
Donato acrescentou que “mais do que nunca, é hora de unidade de todas as forças progressistas para esclarecer a maior parte da população, associá-lo também ao governo Temer vai acelerar o desgaste desses dois governos. Defender os direitos que estão sendo atacados é o fim deste Fórum, contem com nossa solidariedade e militância da bancada do PT”.
Também estiveram presentes movimentos sociais que compõe o Fórum. Um representante do grupo que ocupa a secretaria municipal da pasta, Fábio Santos, esteve presente e afirmou que “é um marco na cidade o lançamento deste fórum”. Com relação à ocupação, ele afirmou que exigem a saída do secretário André Strum, a implementação do plano municipal de cultura e a abertura de diálogo por parte do prefeito ou de seu vice.
Santos ressaltou que “nós da cultura na cidade estamos sendo maltratados pelo secretário. Onde já se viu um secretário falar ‘vou dar na sua cara’? O prefeito disse que foi uma bobagem. Que bobagem é essa? O dinheiro da Cultura é do povo”.
Representando movimentos de ciclistas, a militante Júlia Grilo disse que “essa atual gestão está fazendo um terror, estamos assustados porque falam que vão retirar as ciclovias que não são necessárias”. Ela defendeu “que cada centímetro de ciclovia é necessário nessa cidade, para nossa segurança e como berço de futuros ciclistas”.
Representando o movimento de mulheres, Raquel Moreno destacou que “com essa gestão do governo Dória, acabamos perdendo nossos direitos e as políticas públicas. A secretaria de mulheres acabou, o orçamento foi reduzido em 65%”.
Moreno ainda afirmou que “o segmento mais vulnerável das mulheres, que são as vítimas de violência, não está sendo atendido. Está havendo um desmonte completo e total das políticas públicas em relação a isso. Esse prefeito não fez nada a não ser cortar as políticas públicas em relação às mulheres”.
Representando a Unegro e o Sindicato dos Metroviários Rosa Anacleto destacou que as políticas públicas desmontadas por Dórias beneficiavam majoritariamente pessoas negras. “Quem tinha acesso a política social em geral era a população negra. Ele está fazendo uma revisão na política e essa revisão é racista e higienista”, afirmou.
Confira na íntegra o manifesto do Fórum em Defesa da Cidade:
Manifesto do Fórum em defesa da cidade: por uma cidade democrática, inclusiva, plural e acolhedora
O prefeito Doria apoia o governo ilegítimo de Temer e defende as reformas da previdência e trabalhista, que prejudicam os trabalhadores.
O episódio da Cracolândia, onde deixou claro o autoritarismo de Doria ao cancelar o programa Braços Abertos sem colocar uma outra política pública para atender os usuários. A medida do prefeito, juntamente com a polícia do governo Alckmin, espalhou medo e destruição por toda região, numa repressão sem precedentes, transformando aquela área em uma praça de guerra. Outro equívoco nesse episódio foi a tentativa de internação forçada, repelida por profissionais da saúde, direitos humanos, assistência social e rejeitada pela justiça.
O governo Doria implementa na cidade a política privatista e de cortes de direitos em setores essenciais, como: saúde, educação, cultura entre outras. Sua política é reduzir o papel do estado e vender o patrimônio público. Viajou para outros países com o objetivo de “vender a cidade”, oferecendo parques, equipamentos públicos como o Autódromo de Interlagos, Sambódromo e até o Serviço Funerário, entre outros. Essa prática de redução do estado aumenta o desemprego na cidade de São Paulo.
O tão falado gestor, vendido na campanha eleitoral, rapidamente deu lugar ao político carreirista, que usa a prefeitura como mero trampolim para outros voos eleitorais, como já ocorreu com outro prefeito tucano. Para isso procura, usando uma milionária máquina de marketing nas redes sociais, projetar a imagem daquele que, sem meias palavras, prega o receituário neoliberal.
O mesmo prefeito, que aumenta a velocidade nas marginais, paralisa obras importantes, como a ponte da Raimundo Pereira de Magalhaes em Pirituba.
Na saúde, paralisada as obras dos hospitais de Brasilândia e Parelheiros, vai cortar 7% das verbas para repasses e já está fechando Unidade Básica de Saúde (UBS Milton Santos, em São Judas) e AMAs (Parque Paulistano, Ipanema, Anhanguera, entre outras) e postos do SAMU. Enquanto isso, transfere recursos públicos para a iniciativa privada no “Corujão da Saúde” que não resolveu os exames mais complexos, além de criar uma nova fila de retorno.
Na educação, parou as obras de construção de CEUs e CEIs, tirou o leite de quase 700 mil crianças, reduziu o Transporte escolar e até maio ainda não havia terminado de distribuir os uniformes e material escolar.
Na cultura, congelou R$ 247 milhões (47% do orçamento da secretaria), cancelou editais e programas consagrados. Desvirtuou a Virada Cultural, resultando em baixo público e uma descentralização sem planejamento prévio. Essa política levou uma reação dos ativistas culturais que já realizaram atos e ocupação da secretaria.
Na moradia, paralisou obras e congelou verbas, sem destinar áreas ou recursos para a construção de novas moradias populares. Inclusive para os afetados na desastrosa ação na Cracolândia.
As políticas públicas para as mulheres, negros, LGBT e juventude foram desmontadas com a extinção dessas secretarias, e agora com o fechamento de vários equipamentos e serviços.
O perfil privatista “dono da cidade” e autoritário do prefeito fica evidente ao destruir a maior galeria de arte ao céu aberto da América Latina, pintando de cinza muros grafitados; retirar algumas ciclovias; reduzir drasticamente o programa Ruas Abertas, principalmente na periferia; impedir manifestações públicas, como no 1° de Maio e chamar sindicalistas de “vagabundos”.
Nós, moradores da cidade, trabalhadores, militantes dos movimentos popular e sindical, ativistas culturais, jovens, ciclistas, ambulantes, grafiteiros e partidos políticos, lançamos nesse ato o Fórum em Defesa da Cidade para resistir e lutar contra o desmonte de políticas públicas e a entrega do patrimônio municipal ao setor privado.
Da Redação da Agência PT de Notícias