A fome é um risco iminente para milhares de brasileiros que vivem no semiárido após cortes do governo golpista de Michel Temer. Para denunciar o desmonte de políticas públicas responsáveis por reduzir os impactos da seca, a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) realizará uma caravana a partir desta sexta-feira (27). O grupo partirá de Caetés, em Pernambuco, cidade escolhida para homenagear o ex-presidente Lula, reconhecidamente um dos principais líderes a combater a fome no mundo.
“Nossa Caravana Contra Forme tem três importantes símbolos: Josué de Castro; Betinho [Herbert José de Sousa] e o ex-presidente Lula. Escolhemos Caetés por ser a cidade natal dele, que para nós é uma referência de alguém que passou fome e que, ao chegar ao poder, encarou a miséria e a fome não como um problema natural ou a vontade de Deus, mas sim a falta de políticas públicas”, exalta Cristina Nascimento, coordenadora executiva da ASA.
Segundo a coordenadora, o percurso da Caranava deve durar em torno de 14 dias com paradas em Feira de Santana-BA, Belo Horizonte-MG, Guararema-SP e Curitiba-PR, antes de seguir até o Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Para fazer o trajeto e denunciar o desmanche das políticas públicas destinadas ao semiárido brasileiro, a ASA em conjuntos com diversos movimentos sociais iniciaram uma campanha de financiamento coletivo.
“Após sairmos de Caetés, passaremos por Feira de Santana, Belo Horizonte e Guararema. Em Curitiba, nos juntaremos à Vigília Lula Livre e queremos ver se é possível algum representante da ASA visitar o ex-presidente Lula”, revela Cristina.
Cisternas, Fome Zero e Bolsa Família
A coordenadora do ASA explicou ainda que desde o golpe as políticas públicas, que auxiliam milhares de brasileiros no semiárido, têm sido desmontadas pelo ilegítimo Temer. Cristina revelou que programa como Bolsa Família são fundamentais para que as famílias da região possam se estruturar, antes de buscar alternativas, trabalho ou mesmo iniciar uma atividade rural.
“Quando o golpe se instalou, a gente viu claramente um corte direto nessas políticas públicas, que atingem o povo mais pobre. O semiárido, historicamente, sempre foi visto como uma referência de miséria e fome no país. Com as políticas dos governos Lula e Dilma essa realidade mudou”, explica Cristina.
“O Bolsa Família é estruturante e fundamental para as famílias. Agora em 2018 estamos completando seis anos seguidos sem que a seca tivesse algum grande impacto. Em nenhum estado do Nordeste houve algum registro de um grande êxodo ou mortes por fome e sede. Isso não aconteceu porque as famílias tinham acesso à essas políticas, o que está em risco.”
Outra política referência e fundamental para as famílias do semiárido é o Programa de Cisternas, que possibilitou que cinco milhões de pessoas da região mais árida do Brasil tenham, ao lado de casa, água potável para consumo humano. O programa, no entanto, corre risco já que o governo golpista retirará 92% dos recursos destinados para o ano de 2018.
Historicamente a ASA se constituiu como uma grande rede para pautar o Estado e a sociedade de que a seca não era o grande problema do semiárido. “Não é uma questão climática e sim de ausência de políticas públicas. Lula entendeu isso e encarou a fome e a miséria como a falta do estado e deu essa percepção política para os problemas”, diz a coordenadora da ASA.
“Agora, com os cortes o impacto do golpe é muito forte sobre a classe trabalhadora do campo e da cidade. A prisão do ex-presidente é a expressão máxima da injustiça e o desmonte da democracia. Com a Caravana queremos construir caminhos para a volta das políticas públicas e a retomada de um estado democrático de direito”, finaliza.
Por Erick Julio, da Agência PT de Notícias