Em depoimento à CPI da Petrobras, nesta quarta-feira (15), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que caso seja comprovado que a escuta encontrada na cela do doleiro Alberto Youssef, em abril de 2014, não tinha autorização judicial, haverá punição, inclusive, com demissões.
Cardozo disse ainda que foi informado da existência das escutas clandestinas e das providências que seriam tomadas pela Polícia Federal para apurar o caso.
“A sindicância tramita em sigilo e ainda está em curso. Se, ao final, ficar comprovado que houve escutas ilegais, haverá punições àqueles que as praticaram”, ressaltou. No início do mês, a mesma comissão ouviu dois policiais federais que afirmaram que o grampo estava ativo e havia sido instalado sem autorização judicial.
Cardozo disse que “jamais” admitirá abuso de poder no meio policial. “Polícia que não corta na sua carne é polícia que não se faz respeitar”, disse aos deputados.
O ministro afirmou ser conhecido pelo seu rigor e afirmou ter examinado, pessoalmente, processos disciplinares e demitido funcionários das duas policias. Segundo ele, apenas na Polícia Federal foram demitidos 65 servidores.
“Não vivemos mais em uma ditadura para aceitar o desrespeito à lei. A Polícia Federal tem total apoio do ministério para cortar na carne caso sejam comprovadas as irregularidades. Não tolerarei transgressões nem injustiças”, afirmou.
Vazamentos seletivos – Questionado sobre os vazamentos seletivos que estariam acontecendo na operação Lava Jato, Cardozo respondeu que, apesar de haver casos em que o próprio juiz Sérgio Moro, responsável pelo inquérito, dá publicidade a alguns depoimentos, há casos em que os vazamentos são de depoimentos sigilosos e, por isso, sua divulgação é ilegal.
“Quando ocorrem situações desse tipo, elas são ilegais, criminosas e geram uma situação nociva ao País. Delações premiadas não são sentenças condenatórias. Um delator pode omitir, mentir, falar a verdade, falar meia verdade. O que ele fala não tem valor probatório definitivo e tem que ser investigado”, afirmou.
Cardozo também comentou as declarações de que estaria cansado e poderia deixar o cargo. O ministro afirmou que continuará na Pasta até quando a presidenta Dilma Rousseff determinar. “Estou no cargo porque acredito na presidente e no seu projeto. No dia que ela que quiser que eu fique, saio e ficarei na trincheira e a lutar pelo seu governo como um cidadão. Mesmo cansado fico no bom combate”, disse.
Defesa – Ao defender a presidenta das acusações de envolvimento na Lava Jato, o ministro da Justiça disse não ter dúvidas da honestidade da petista e afirmou ter certeza de que nenhuma denúncia de corrupção chegará perto de Dilma.
“Eu tenho absoluta certeza de que nenhum fato relacionado a desvio de dinheiro público, corrupção e improbidade chegará próximo da presidente Dilma Rousseff”, declarou.
Cardozo disse ainda conhecê-la há vários anos e que a honestidade da presidenta é reconhecida por todos. “Aliás, até os seus próprios adversários em geral reconhecem que a sua honestidade é total”, ressaltou.
Da Redação da Agência PT de Notícias