Os últimos dois anos ficaram marcados pela resistência da juventude ao aumento do conservadorismo. A análise é da presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, que comanda a entidade desde junho de 2015 e terminará sua gestão no meio deste ano.
Nascida em Santos (SP) e a primeira presidenta da UNE vindo de uma universidade particular (economia na PUC-SP), Carina faz uma análise da sua gestão e celebra as vitórias e o maior envolvimento da juventude com a política. Mas sabe, também, que ainda há muitos enfrentamentos pela frente.
Ela destaca como vitória importante a luta contra a redução da maioridade penal (“foi quando derrotamos pela primeira vez o Eduardo Cunha”). Enfatiza, ainda, a resistência ao conservadorismo no Congresso e as ocupações contra a PEC 55 e a reforma do Ensino Médio no fim de 2016.
“A UNE teve uma marca muito forte nesses dois anos de luta contra o golpe e essa ascensão da direita que aconteceu no Brasil. Mostramos que a juventude não compactua com as ideias da direita”, disse, em conversa com a Agência PT após debate no Barão de Itararé, na última quinta-feira (16).
De acordo com ela, em 2017 a UNE permanecerá na luta por essas pautas. Mas, também, estará ao lado dos trabalhadores de todas as idades contra o desmonte da Previdência e a Reforma Trabalhista, propostas do governo golpista de Michel Temer.
“Com certeza, esse pacto geracional em que pessoas com idade ativa trabalham para pagar a Previdência de quem já contribuiu precisa continuar. A gente tem que manter assegurados o direito à Previdência e ao bem estar social. Este é o ano da juventude estar ao lado dos trabalhadores”.
Juventude mais politizada
De acordo com a presidenta da UNE, as redes sociais foram fundamentais para criar uma politização mais intensa entre os jovens. Carina diz que o papo de que jovem não gosta de política é uma meia verdade.
“A juventude não gosta de política tal como ela é, ninguém gosta, com esse Congresso e um poder Executivo que usurpou o poder desconsiderando o voto dos brasileiros e brasileiras. A juventude não se identifica com uma política colocada como um negócio e não ao bem comum”, afirma.
“Ao mesmo tempo, ela fica o dia todo nas redes sociais dando opinião, participando e compartilhando informações. Existe um despertar da juventude à política com “p” maiúsculo: a da participação, do ativismo e de saber que se consegue mudar a sociedade de forma coletiva”.
Existe um despertar da juventude à política com “p” maiúsculo: a da participação, do ativismo e de saber que se consegue mudar a sociedade de forma coletiva”
A data ainda não está definida, mas provavelmente em junho haverá o Congresso da UNE em que será eleita uma nova diretoria e um novo presidente ou presidenta da instituição. Carina espera o Congresso com o sentimento de missão cumprida e na expectativa de muita mobilização nas universidades.
“É um processo bastante rico. A nossa expectativa é que se mobilize mais de 10 mil pessoas no Congresso e mais de 2 milhões de estudantes votando nas universidades. Será um semestre de intenso diálogo com os estudantes”.
Por Bruno Hoffmann, para a Agência PT de Notícias