Partido dos Trabalhadores

Carol Dartora cobra justiça social cinco anos após maior crime ambiental do Brasil

Deputada participou de audiência, nesta terça (10), para discutir impactos do derramamento de petróleo que atingiu o litoral brasileiro em 2019. “As comunidades costeiras também foram gravemente prejudicadas”

Mario Agra/Câmara dos Deputados

"As praias e manguezais seguem impactados, mas não foram apenas os ecossistemas que sofreram", afirmou Dartora

A deputada federal Carol Dartora (PT-PR) e o deputado Túlio Gadêlha (REDE-PE) convocaram uma audiência pública para discutir os impactos persistentes do derramamento de petróleo que atingiu o litoral brasileiro, em 2019. O encontro, promovido pelas Comissões da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais, em parceria com os Grupos de Trabalho Racismo Ambiental e Mar, ocorreu nesta terça-feira (10), na Câmara dos Deputados. Durante o debate, ela afirmou que justiça ambiental só existe com justiça social.

Dartora destacou que, cinco anos após o desastre, os ecossistemas continuam afetados. “As praias e manguezais seguem impactados, mas não foram apenas os ecossistemas que sofreram. As comunidades costeiras também foram gravemente prejudicadas”, disse a deputada. Ela ainda chamou atenção para o racismo ambiental, ao explicar que “os efeitos da degradação atingem desproporcionalmente populações negras, indígenas e pobres, historicamente excluídas”.

Abolição incompleta

Durante a audiência, Dartora ressaltou que essas desigualdades são reflexos de uma abolição incompleta e da falta de reparação adequada aos povos indígenas. “Essas desigualdades continuam a se multiplicar. Pescadores e pescadoras artesanais, que garantem o sustento de muitas famílias, ainda aguardam por justiça e ressarcimento”, declarou, ao apontar que, em muitos casos, “as vidas negras são colocadas em segundo plano”.

Em agosto de 2024, completaram-se cinco anos desde o derramamento de petróleo em 2019, que não só destruiu ecossistemas, mas também ameaçaram os modos de vida tradicionais das comunidades costeiras, especialmente as pesqueiras. As consequências para a saúde física e mental dessas populações, formadas em sua maioria por pessoas negras e indígenas, ainda são profundas, e a falta de reparação evidencia um cenário de injustiça e impunidade.

Na audiência pública, Carol Dartora, como historiadora e com uma trajetória marcada pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, reafirmou seu compromisso em combater o racismo ambiental e buscar justiça. “Nosso mandato está à disposição. Justiça ambiental só existe com justiça social”, finalizou.

CPI do Petróleo

A CPI do Petróleo foi criada para investigar o desastre e foi encerrada em abril de 2021 sem apresentar respostas ou soluções concretas.

Saiba mais

Em 2019, o Brasil sofreu um derramamento de óleo bruto que atingiu a costa brasileira, em um dos maiores desastres ambientais do país:

* As primeiras manchas de óleo foram avistadas na Paraíba, em 30 de agosto de 2019;

* O vazamento atingiu mais de 4.334 km de costa, em 11 estados do Nordeste e Sudeste, 120 municípios e 724 localidades;

*As investigações concluíram que o vazamento ocorreu entre 28 e 29 de julho de 2019, quando o petroleiro grego Bouboulina navegava a cerca de 730 km da costa brasileira;

* O desastre é considerado um dos maiores derramamentos de óleo bruto da história do país e um dos mais extensos registrados no mundo;

* O Ibama retirou mais de 5.000 toneladas de óleo até fevereiro de 2020.

* Um relatório apontou que o desmantelamento da estrutura de governança ambiental pelo governo federal [De Bolsonaro] agravou os efeitos do desastre.

Do PT Câmara