Os escândalos de corrupção envolvendo a Federação Internacional de Futebol (FIFA) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), vindos à tona em 2015, foram abordados pelo ex-jogador Raí em entrevista à BBC Brasil, publicada nesta terça-feira (15).
Raí acredita que o fato de os problemas da CBF terem sido “escancarados” com a investigação do FBI dá ao futebol brasileiro uma chance única de “renascer”.
“Acho que esse é um momento de vergonha para o futebol brasileiro, mas é também uma oportunidade de mudança”, afirmou.
Segundo o ex-jogador, “há muito tempo existem pessoas e organizações que querem ajudar o futebol brasileiro a evoluir, mas a coisa é fechada num feudo sem dar oportunidade para as pessoas. É um sistema viciado, que precisa ser quebrado”.
“É uma oportunidade para mais gente participar do processo, ou seja, para democratizarmos isso. Para construir um novo modelo para o futebol. Precisamos traçar uma nova estratégia de renascimento do futebol brasileiro”, destacou.
Na opinião de Raí, o futebol brasileiro está paralisado, “capengando, sem força de reação, ficando cada vez mais pra trás”.
Por tudo isso, Raí se juntou a outros grandes nomes do futebol brasileiro, como Alex, Afonsinho, Paulo Cézar Caju, Djalminha e até ao argentino Juan Pablo Sorín, para pressionar a CBF por mudanças com um protesto na sede da entidade, no Rio de Janeiro, na tarde desta terça-feira (15).
“Nós queremos principalmente a saída do Del Nero e uma convocação de eleições dentro de um outro modelo mais amplo, aberto, para rediscutir as bases do futebol brasileiro. Criar uma fase de transição com participação de mais gente para que no próximo mandato já entre alguém com projeto melhor debatido”, afirmou Raí sobre as reivindicações do Bom Senso FC, movimento de jogadores e ex-jogadores que reivindica mudanças no futebol.
“Estamos dando um recado, que é forte e que vem de vários setores entendendo que o futebol é algo importante da cultura do país e que precisa ser levado a sério”, finalizou.
No dia 3 de dezembro, o FBI anunciou que Marco Polo Del Nero, então presidente da CBF, era um dos acusados de corrupção no escândalo da Fifa, juntamente com Ricardo Teixeira, que comandou a entidade entre 1989 e 2012.
Poucas horas depois, Del Nero pediu licença do cargo na CBF para “se concentrar em sua defesa” e deixou Marcus Vicente, um dos vice-presidentes e seu aliado, no seu lugar.
No dia seguinte, a entidade convocou novas eleições para a vice-presidência, com o intuito de ocupar o cargo deixado por José Maria Marin, que antes de ser preso também na investigação do FBI em maio, era o vice mais velho de Del Nero.
De acordo com o estatuto da CBF, quando um presidente renuncia ou deixa o cargo, quem assume é o vice com mais idade. Sem Marin, quem iria substituí-lo seria Delfim Peixoto, presidente da Federação Catarinense e seu desafeto.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da “BBC Brasil”