O Centro de Parto Normal e a Casa da Gestante, bebê e puérpera (CGBP) do Hospital São Lucas, de Juazeiro do Norte (CE), tem se notabilizado na região por estimular e realizar partos normais. Segundo um de seus coordenadores, o ginecologista e obstetra Túlio José Teixeira Gomes, desde que o espaço foi inaugurado, em 2013, mais de 1,5 mil partos normais foram realizados.
Gomes informou que o parto normal é uma prática normatizada pelo CGBP e reforçada pela parceria com as faculdades de Medicina e de Enfermagem da região do Cariri. De acordo com o especialista, o estímulo ao parto normal foi potencializado com a adesão da instituição ao programa do governo federal, Rede Cegonha, que tem dentre suas principais diretrizes o estímulo ao parto natural.
“O objetivo foi o de promover um atendimento de qualidade e humanizado, com redução da mortalidade materna e neonatal”, explica Gomes.
Para ter acesso ao processo natural, são avaliadas as patologias associadas e fatores de risco da mãe, com exame físico e obstétrico para verificar a dilatação do colo, vitalidade fetal e dinâmica uterina. Durante o trabalho de parto, que pode durar de 8 a 12 horas, segundo o obstetra, é utilizado o partograma, uma representação visual/gráfica de valores ou eventos relacionados com o trabalho de parto.
O obstetra elencou uma série de motivos pelos quais o parto natural é preferível à cesariana. Reduz o índice de infecções, hemorragias e lesões de órgãos como: bexiga, uretra, artérias e intestinos, além de ausência de complicações pós anestésicas. A perda de sangue é menor do que no parto cesárea e a mulher retorna às suas atividades diárias mais rapidamente.
“São necessários menos medicamentos e o risco de trombose é menor”, enfatiza Gomes.
Um dos procedimentos no processo do parto natural do CGBP é o de colocar o bebê, imediatamente ao nascer, em contato com a mãe. Segundo Gomes, isso favorece o vínculo entre mãe e filho, o aleitamento e, principalmente a proteção.
“Quando a criança fica com a mãe, após o nascimento, ela se colonizará com as bactérias da flora materna, evitando a colonização com outras bactérias”, explica Gomes.
Os médicos do Hospital São Lucas são todos obstetras e as atualizações são feitas através de capacitação promovida pelo município, em parceria com o Estado e o Governo Federal. Foram realizadas atualizações sobre a Rede Cegonha, estratégia do Ministério da Saúde.
Programa federal – O Brasil é um país com alto índice de cesarianas, 52% dos partos no País. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma taxa não maior de 15%. Na rede privada, esse índice pode chegar a 90%.
Diante do quadro, A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou uma Resolução Normativa pela qual é estimulado o parto normal. A resolução foi publicada na quarta-feira (7) e as operadoras têm até 180 dias para se adaptarem às mudanças.
O Ministério da Saúde alertou que a cesariana aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Cerca de 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis estão relacionados à prematuridade.
Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias