O Fórum das Centrais Sindicais formado pela CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB decidiu defender unificadamente um projeto nacional de desenvolvimento, reindustrialização e recuperação da produção nacional. As entidades divulgaram documento em que manifestam preocupação e repúdio pelo fechamento das fábricas da Ford, anúncio de fechamento de agências do Banco do Brasil e de milhares de demissões. O documento define como compromisso imediato uma série de medidas para enfrentar o fechamento da Ford no Brasil. Veja abaixo a íntegra das propostas.
O anúncio extemporâneo do fechamento da Ford, empresa presente no Brasil a mais de século, se soma aos anúncios de fechamento da Mercedes-Benz, da Audi e aos milhares de silenciosos fechamentos de micro, pequenas e médias empresas”, alertam os sindicalistas. “Essas empresas receberam ao longo de décadas, e continuam a receber, bilhões de reais em incentivos e benefícios fiscais. A atitude da Ford, sem diálogo e depois de tudo que recebeu e ganhou, demonstra o absoluto desrespeito com o país e desconsideração com o povo brasileiro”, denunciam.
“De nossa parte, vamos organizar, mobilizar, resistir, enfrentar, propor e dialogar em torno de um projeto nacional de desenvolvimento, da reindustrialização e recuperação da dinâmica virtuosa de crescimento do sistema produtivo, de retomada dos investimentos em infraestrutura econômica e social, em ciência, tecnologia e inovação, de ampliação das políticas sociais, de geração de empregos de qualidade e de crescimento da renda do trabalho”, se comprometem as entidades.
Veja a integra do documento:
CENTRAIS SINDICAIS E SINDICATOS UNIDOS NA DEFESA DO EMPREGO
As Centrais Sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB, reunidas virtualmente nesta quarta-feira (13/01) no Fórum das Centrais Sindicais, debateram sobre as dramáticas notícias para os trabalhadores brasileiros neste início de ano: o fechamento da Ford, o fechamento de agências do Banco do Brasil e as milhares demissões anunciadas nesta segunda-feira (11).
O anúncio extemporâneo do fechamento da Ford, empresa presente no Brasil a mais de século, se soma aos anúncios de fechamento da Mercedes-Benz, da Audi e aos milhares de silenciosos fechamentos de micro, pequenas e médias empresas. Essas empresas receberam ao longo de décadas, e continuam a receber, bilhões de reais em incentivos e benefícios fiscais. A atitude da Ford, sem diálogo e depois de tudo que recebeu e ganhou, demonstra o absoluto desrespeito com o país e desconsideração com o povo brasileiro.
Mais um caso concreto do processo de desindustrialização e de desmonte das políticas de conteúdo nacional que avançam de maneira praticamente irreversível, fragilizando todo o sistema produtivo no comércio, serviços e agricultura e destruindo milhões de empregos diretos e indiretos.
Desta forma o país regride para a condição de mero exportador de produtos primários como minérios e grãos, levando, neste movimento, a grande maioria dos brasileiros a empobrecer ou cair na miséria, enquanto alguns poucos enriquecem. E o governo Bolsonaro avança na implementação dessa política de destruição e aprofundamento da desigualdade social.
Para espanto e desespero do povo, o governo, de forma cínica, não se constrangeu em bradar: “Que vão embora”, ao comentar sobre a saída da Ford do Brasil. Esse foi mais um de seus chocantes absurdos.
Isso não pode continuar!
De nossa parte, vamos organizar, mobilizar, resistir, enfrentar, propor e dialogar em torno de um projeto nacional de desenvolvimento, da reindustrialização e recuperação da dinâmica virtuosa de crescimento do sistema produtivo, de retomada dos investimentos em infraestrutura econômica e social, em ciência, tecnologia e inovação, de ampliação das políticas sociais, de geração de empregos de qualidade e de crescimento da renda do trabalho.
Vamos fortalecer a nossa unidade de ação e estabelecer uma ampla rede de debates e
de negociação com os poderes Executivos, Legislativos e Judiciário, com os
empresários e com o movimento sindical internacional.
Iremos promover o debate nas bases sindicais, em eventos regionais e nacionais, organizando nossa resistência e atuação propositiva em cada situação e diante de cada problema, mobilizando e incidindo local e nacionalmente.
Reafirmamos, conforme já explicitado em documento unitário, divulgado no dia 05/01/2021, que, neste momento, deve ser prioridade do governo vacinar todos os brasileiros por meio de um plano nacional de vacinação coordenado pelo SUS, visando proteger à vida de todos e dar capacidade para a retomada segura da atividade produtiva.
De imediato, as Centrais Sindicais deliberam, para enfrentar a decisão de fechamento da Ford no Brasil:
• Investir na unidade sindical e na construção de iniciativas e ações conjuntas.
• Ampliar e estabelecer diálogo com os parlamentares (senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores) para tratar de iniciativas a serem tomadas em relação à Ford e casos semelhantes.
• Estabelecer diálogo com os Governadores de São Paulo, Bahia e Ceará para a construção de alternativas para o caso Ford.
• Estabelecer cooperação de atuação com entidades sindicais internacionais para denunciar a decisão da Ford no Brasil.
• Produzir informações comuns para alimentar a comunicação.
• Realizar reunião com as 11 Centrais Sindicais, na próxima sexta-feira (15/01), para encaminhar ações unitárias em defesa do emprego, do auxílio emergencial e de vacinas para todos.
• Realizar no dia 21/01 manifestações nas Concessionárias de revenda Ford.
• Propor medidas a serem tomadas na esfera Legislativa e Judiciária.
São Paulo, 13 de janeiro de 2021
Sérgio Nobre
Presidente da CUT – Central Única dos Trabalhadores
Miguel Torres
Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah
Presidente da UGT – União Geral dos Trabalhadores
Adilson Araújo
Presidente da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
José Calixto Ramos
Presidente da NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores
Antônio Neto
Presidente da CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros
Da Redação