Partido dos Trabalhadores

Chicanas do PSDB não impedem CPMI do trensalão

Depois de tentar retirar o quórum, tucanos tentaram assumir a presidência da comissão

A bancada do PSDB e parlamentares aliados dos tucanos tentaram todas as chicanas (medidas para atrapalhar processos) possíveis para impedir, na quarta-feira (6), a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) – que vai investigar o esquema de corrupção que funcionou no metrô de São Paulo durante quase vinte anos de governos tucanos no estado.

Primeiro, optaram pela estratégia de evitar quórum para abertura da reunião, presidida por Eduardo Suplicy (PT-SP) em função de este ser o parlamentar há mais tempo no Congresso dentre os integrantes da comissão. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), por exemplo, sequer assinou a ata de presença da sessão, embora fosse o tucano mais ativo na tentativa de sabotar o início dos trabalhos da CPMI.

Após a reunião ter alcançado quórum mínimo, os tucanos tentaram assumir a presidência da comissão, em atitude que desrespeito à prerrogativa – informal, mas tradicional e reconhecida por todos os partidos – das maiores bancadas do Congresso indicarem seus nomes para a presidência e a relatoria de CPIs.

Para isso, o deputado Fernando Francischini (SDD-PR) serviu de “laranja” e apresentou candidatura à presidência da CPMI. O deputado paranaense, vale lembrar, iniciou a atual legislatura pelo PSDB, mas deixou a legenda para criar o Partido Ecológico Nacional (PEN) e, em 2013, migrou para o recém-criado Solidariedade, que é aliado do PSDB no Paraná.

Renato Simões (PT-SP) protestou contra o que chamou de “chicanas de última hora” por parte dos tucanos. “O PT lutou intensamente para que a CPMI fosse criada e instalada e, junto com o PMDB e outros partidos da base aliada, somos o esteio dessa investigação. Por isso não aceitaremos as chicanas do PSDB e de outros partidos que não querem a investigação desse escândalo”, afirmou Simões.

Barragem tucana – A instalação foi “uma conquista”, segundo Renato Simões e agora os tucanos se movimentaram para barrar o início dos trabalhos do órgão investigativo. O objetivo é apurar o cartel de multinacionais que pode ter desviado, para subornos, mais de R$ 500 milhões, num esquema que só foi descoberto graças à Justiça da Suíça.

Simões lembrou que o PSDB assumiu o governo de São Paulo em 1995, com Mário Covas, e, de lá para cá, a Assembleia Legislativa “foi tolhida” na sua atribuição de fiscalizar o Executivo. “Durante esses quase vinte anos, poucas CPIs funcionaram na Alesp e sempre tuteladas pelo governo.

Além disso, os tucanos também assumiram o controle da imprensa e do Ministério Público, de modo que eles se autoconcederam um atestado de idoneidade moral sem nunca terem sido submetidos à prova de uma investigação independente. “Por isso a instalação da CPMI é uma conquista tão importante, já que o Congresso Nacional poderá dar uma satisfação à população de São Paulo sobre os atos de corrupção no governo tucano ”, comemorou Renato Simões, que é o nome indicado pelo PT para a relatoria da comissão.

Na avaliação do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que também integra o colegiado, a atuação da bancada tucana nesta quarta-feira, para atrapalhar a instalação da CPMI,  tem relação com a presença do governador Geraldo Alckmin em Brasília na véspera. “Não tenho dúvidas de que a visita de Geraldo Alckmin, que deixou o seu estado em plena campanha eleitoral para vir a Brasília, foi para orientar a bancada tucana sobre como agir na CPMI. O resultado dessa visita nós vimos hoje”, avaliou Dr. Rosinha (PT-PR).

Paulo Teixeira (PT-SP), um dos autores do requerimento que propôs a criação da CPMI, também comemorou a instalação do colegiado. “É fundamental a instalação da  CPMI para que possamos desvendar esse grande esquema de corrupção existente no governo de São Paulo há mais de quinze anos e que desviou recursos públicos que deveriam ter sido destinados à melhoria dos serviços do Metrô e da CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos], mas que foram usados para o pagamento de propinas, conforme as próprias empresas envolvidas revelaram. Espero que a CPMI nos ajude a revelar os detalhes desse que foi um dos maiores casos de corrupção da história do Brasil”, declarou Teixeira.

Por Rogério Tomaz Jr. , do PT na Câmara