Antes de ser eleito pela primeira vez queriam botar Lula na cadeia.
Durante sua vida sindical Lula foi perseguido, preso, processado em inúmeras ocasiões. Conheço Lula há 36 anos. Estive presente. Me considero seu amigo e posso dizer que foram, todas, injustamente.
Por que fizeram isso? Porque as elites não aceitavam a ideia de que um líder nacional sindicalista tivesse a audácia de contestar a ordem estabelecida por eles, além de sonhar ser presidente da República.
Depois de oito anos no poder e outros cinco de Dilma na Presidência de novo querem botar Lula na cadeia.
Lula voltou a ser o principal foco da perseguição porque não podem aceitar sob hipótese alguma que ele volte ao poder e desta forma se dê continuidade às conquistas sociais implementadas pelos governos petistas nos últimos 13 anos.
A oposição brasileira não quer dialogar, não quer crescer, não quer o bem do Brasil. O que querem como prioridade máxima agora é ver Lula atrás das grades. É a única maneira que enxergam de impedir que seja candidato em 2018 e se eleja, porque estão certos de que uma vez candidato Lula será, em 2018, o próximo presidente do Brasil.
Por que a direita odeia tanto Lula? Este homem que desde que chegou ao poder disse que sua preocupação era que todos os brasileiros comessem três vezes ao dia? Porque ele conseguiu fazer com que muitos conhecessem esta realidade e muito mais.
Por que as elites acham que a única solução para o Brasil e para uma classe média alta enfurecida é colocar Lula na cadeia?
Se escudar numa pretensa luta contra a corrupção é piada porque até agora nada de concreto contra Lula ou Dilma veio à tona. E se realmente fosse essa a preocupação de peemedebistas, tucanos e democratas, eles deveriam primeiro mandar seus líderes para a guilhotina porque a maioria não passa no teste da lei da Ficha Limpa.
Por que a direita tem tanto medo de Lula? Pelo que ele representa para eles, seu antítodo, e para o mundo e as massas o que eles políticos da oposição atual nunca conseguiram ser.
Enquanto um Lula sindicalista, um Lula líder da oposição no Brasil já era conhecido internacionalmente e convidado a falar de suas experiências no mundo inteiro, onde estavam Aécio Neves, Aloísio Nunes, Ronaldo Caiado, Eduardo Cunha, e seus Bolsonaros?
Não estavam certamente preocupados de ver o Brasil crescer junto com o fim da desigualdade de seu povo mas apenas enxergando o país como o quintal de suas casas.
Alguém já leu comentários bons ou ruins de intelectuais europeus ou norte-americanos a esta turma? Eu, nunca. Simplesmente porque para acadêmicos e políticos de peso a nível internacional essas figuras são inexpressivas e so entraram para a história como hipócritas, menores.
Lula, ao contrário deles, logo em seu primeiro mandato passou a ser visto como referência mundial no combate à fome e à aplicação de políticas vitoriosas de inclusão social.
Agora, suas excelências da oposição, após perceberem que a campanha pelo impeachment de Dilma pode transformar-se numa luta inglória voltam-se ferozmente contra Lula, onde enxergam o perigo maior num futuro próximo, em 2018.
Felizmente nas últimas semanas várias vozes de democratas no Brasil inteiro começam a levantar-se para denunciar a autoritária, vergonhosa e sórdida campanha de perseguição iniciada contra Lula.
Depois do fracasso para incriminá-lo nas investigações da Lava-Jato, seus caçadores mudaram de tática, para dar mais audiência à novela, à espera do pretendido objetivo final.
Para isso são criativos. Associar a Operação Zelotes à edição de medidas provisórias demonstra a determinação de agentes da PF, de procuradores do Ministério Público e de integrantes do Judiciário para atingir o ex-presidente Lula. Inimigos até então na moita decidiram colocar mãos à obra e unhas de fora.
A Polícia Federal na Operação Zelotes deveria desbaratar o esquema bilionário de sonegação fiscal feita de grandes empresas junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que chega a R$20 bilhões, e não usá-la para atacar familiares e assessores próximos de Lula, em governos passados, como fizeram recentemente com seu filho, e com seu ex- ministro chefe da Casa Civil, Gilberto Carvalho e sua família.
Após Lula avisar em discurso no Diretório Nacional do PT que está pronto para a briga os grupos Abril e Marinho aumentaram a carga dos choques elétricos: a revista Veja o colocou na capa vestido de presidiário e a Revista Época, com o título O Dinheiro Suspeito estampa as fotos de Lula, Palloci, Erenice Guerra e Fernando Pimentel e afirma que seus nomes constam de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras- COAF, sobre movimentações financeiras suspeitas, vazado ilegalmente para a Veja.
Quantas linhas foram dadas pela imprensa à resposta do Instituto Lula a essas denúncias? Pouquíssimas. Sobre a movimentação financeira da empresa de palestras de Lula, a LILS, a nota afirma “Não há nada de ilegal na movimentação financeira do ex-presidente. Os recursos são oriundos de atividades profissionais, legais e legítimas de quem não ocupa nenhum cargo público: os valores mencionados no vazamento ilegal se referem a 70 palestras contratadas por 41 empresas diferentes, listadas acima. Todas palestras realizadas, contabilizadas e com os devidos impostos pagos. Tem palestra até para a Infoglobo, do mesmo grupo de comunicação que edita a revista Época”
O mesmo não ocorre obviamente com notas do senador Aécio Neves, como uma recente afirmando que “o PSDB vê com extrema preocupação os dados revelados pela revista Época e que as suspeitas reveladas pelo Coaf exigem uma ampla e profunda investigação”.
Sim, as mesmas profundas e amplas investigações que ele nunca defendeu para o caso das contas suíças de Eduardo Cunha e as que nunca foram feitas no caso do aeroporto de Cláudio, construído com dinheiro público e usado por sua família ou ainda as investigações sobre a Lista de Furnas, onde seu nome consta como um dos principais beneficiários.
É a hipocrisia levada ao extremo e a caçada a Lula como se animal fosse. Mas posso garantir que estamos preparados para enfrentar esta luta. Esta não é a primeira vez, nem certamente será a última que Lula, o PT e os trabalhadores são perseguidos.
Tentaram incriminá-lo de matar um fazendeiro no Acre, quando na verdade ele lá esteve para se solidarizar pela morte de um sindicalista. O processaram num Tribunal Militar e eu e muitos outros companheiros assistimos o julgamento aqui em Brasília.
Tentaram incriminá-lo em 1989, quando ele perdeu as eleições. Lula foi acusado de desvio de dinheiro da Lubeca, um rumoroso caso criado pela imprensa para tentar enlamear seu nome.
Nesta época fui visitá-lo, era dia do seu aniversário, e numa conversa só nós dois eu o vi com lágrimas nos olhos me dizer: não suporto mais tanta injustiça, você não sabe o que é ficar aqui eu e Marisa, noites e noites, revirando canhotos de cheques velhos para provar que este lote compramos e pagamos com nossos salários e não me foi doado, como inventaram. Neste dia eu me emocionei muito.
Vivi a trajetória de Lula, desde que me encontrei com ele pela primeira vez quando veio a Brasília em solidariedade à primeira greve dos vigilantes. E sobre ele posso afirmar tranquilamente: foi pra mim uma lição de simplicidade, do ser solidário e do ser político, sempre preocupado com o lado humano das questões.
Portanto, quero aqui pedir licença a Emir Sader para parafraseá-lo num texto escrito sobre Lula: Há pessoas cuja biografia – segundo Hegel – são histórias particulares, das suas vidas privadas. Há outras que, por estarem no olho do furacão, suas biografias são cósmicas, refletem os grandes dramas e aventuras de cada período histórico.
E é nisso que acredito: a história particular de Lula é, ao mesmo tempo, a história de milhões de brasileiros, com seus sofrimentos, num país onde a elite domina e os trabalhadores sobrevivem. Lula sobreviveu a tudo e soube alçar-se a níveis que o elevaram a ser a melhor expressão do Brasil da nossa época.
Tenho certeza de que Lula sobreviverá também à sórdida campanha montada para borrar na cabeça dos brasileiros esta imagem de grande líder e ainda, com o apoio dos brasileiros, terá muito o que contribuir para os destinos desta Nação, cujos caminhos serão cada vez mais democráticos e solidários com o seu povo.
Chico Vigilante é deputado distrital pelo PT-DF