Partido dos Trabalhadores

Coalização das esquerdas barra ascensão da extrema direita na França

Frente à ameaça da chegada do ultradireitista Reunião Nacional (RN) ao poder, esquerdas se unem sob a liderança de Jean-Luc Mélenchon e saem vitoriosas das eleições municipais com Nova Frente Popular (NFP)

Fotos Públicas

Vitória da Nova Frente Popular (NFP) nas eleições legislativas francesas levou uma multidão ao centro de Paris neste domingo (7)

No coração de Paris, a Place de la République ficou pequena para o mar de pessoas que saíram às ruas no domingo (7), em comemoração à vitória da Nova Frente Popular (NFP) nas eleições legislativas francesas. Portando cartazes e bandeiras, cantando hinos e músicas de comemoração, a multidão eufórica celebrava a conquista de 182 assentos na Assembleia Nacional, que tornaram a NFP, uma grande união das esquerdas, a maior força parlamentar do país.

A coalizão Juntos, do presidente Emmanuel Macron, assegurou 168 cadeiras, enquanto a ultradireitista e então favorita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, ficou apenas em 3º lugar, com 143 deputados. Agora, a NFP tem o direito de indicar o primeiro-ministro que governará a França pelos próximos 3 anos.

Liderada por Jean-Luc Mélenchon, do partido A França Insubmissa (LFI), a Nova Frente Popular demonstrou uma capacidade extraordinária de mobilização. Diante do avanço da extrema direita nas eleições europeias, Mélenchon e aliados organizaram rapidamente uma coalizão das forças progressistas com o objetivo de impedir a chegada do RN ao poder na França.

A estratégia foi muito bem sucedida. Ao final da noite de domingo, o esquerdista celebrava na praça lotada a união que permitiu o resultado: “É um alívio imenso para a esmagadora maioria das pessoas do nosso país (…) Elas se sentiram terrivelmente ameaçadas. Mas agora podem ficar tranquilas, pois ganharam”.

Leia mais: Saudação ao povo britânico e ao Labour Party pelo resultado eleitoral

Repercussão no Brasil

“Muito feliz com a demonstração de grandeza e maturidade das forças políticas da França que se uniram contra o extremismo nas eleições legislativas de hoje. Esse resultado, assim como a vitória do partido trabalhista no Reino Unido, reforça a importância do diálogo entre os segmentos progressistas em defesa da democracia e da justiça social. Devem servir de inspiração para a América do Sul.”, publicou Lula na rede social X, logo após o anúncio dos primeiros resultados.

O presidente sempre teve uma ótima relação com a França, como provam as recepções oficiais e a cobertura da imprensa local a cada vez que visita o país. Mas é com Jean-Luc Mélenchon que ele tem mais proximidade. Em setembro de 2019, o francês, defensor fervoroso dos direitos dos trabalhadores e da justiça social, visitou Lula no cárcere. “Conheci o Lula sindicalista e o encontrei após 500 dias de prisão com a mesma força de caráter”, afirmou à época. Os dois políticos lutam há décadas por um mundo mais justo e inclusivo.

Leia mais: Na OIT, Marinho reforça importância da taxação das grandes fortunas no combate à fome

Agora, por meio da Nova Frente Popular, Mélenchon vai poder levar a debate as ideias que defende, como a redução da jornada de trabalho e o reconhecimento do Estado da Palestina. Apesar de não ser candidato a primeiro-ministro, vale lembrar que foi ele a principal voz da coalizão de esquerdas. Então, seu papel de líder é incontestável.

Gleisi Hoffmann, presidenta Nacional do PT, também se pronunciou sobre as eleições no país europeu. “Grande vitória da esquerda unida nas eleições na França. Foi fundamental para o resultado a reação popular à ameaça da extrema-direita antidemocrática. E as urnas demonstram mais uma vez o fracasso das políticas neoliberais e  anti populares que vinham sendo implantadas pelos conservadores”, afirmou a deputada federal, na rede X.

Lições para o mundo

A vitória da NFP na França e a dos trabalhistas na Inglaterra, ambas na mesma semana, ultrapassam as fronteiras europeias e indicam novos rumos para as esquerdas globais, especialmente nas Américas, que lutam contra o avanço da extrema direita. A união das forças progressistas mostra um caminho possível e efetivo.

A eleição francesa não é apenas uma vitória política local, mas um chamado à ação, apontando uma direção a ser tomada por todos os que lutam por justiça social e democracia. Com sua rica tradição de luta por liberdade e igualdade, a França nos mostra mais uma vez que a solidariedade é a chave para um presente e um futuro melhores.

Da Redação