Após reunião no último fim de semana, movimentos formados nas periferias de São Paulo decidiram criar nos próximos dias um coletivo contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Denominado #periferiascontraogolpe, os participantes pretendem reunir criadores, produtores, articuladores políticos e culturais comprometidos com as demandas das periferias e mobilizar-se contra o processo de impedimento que tramita no Congresso Nacional.
“Nós, moradoras e moradoras das periferias, que nunca dormimos enquanto o gigante acordava, estamos aqui pra mandar um salve bem sonoro aos fascistas: somos contra mais um golpe que está em curso e que nos atinge diretamente!”, afirma o texto do manifesto.
No texto do manifesto, o coletivo afirma que não admitirão retrocesso. Além disso, reivindicam o respeito à soberania das urnas e a manutenção do Estado Democrático de Direito.
No último sábado (19), cerca de 60 moradores das diversas periferias de São Paulo se reuniram em uma sala da Ação Educativa, na região central de São Paulo.
“Estou perdida, com medo de sair na rua de vermelho”, desabafou a professora e articuladora cultural Suzi Soares, 49 anos.
Na noite anterior, ela havia participado das manifestações em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff na avenida Paulista. “A corda vai arrebentar para o lado mais preto e a gente tem que buscar forças”, afirmou.
A insatisfação e as divergências, presentes nas redes sociais e nas manifestações nas ruas, davam o tom dos discursos expostos no encontro. Educadores da rede pública de ensino, artistas, jornalistas e integrantes de movimentos culturais das periferias buscavam respostas para dúvidas como: quais são os nossos pontos de convergência? O que nos conecta?
“É complicado não se posicionar nesse momento. Antifascismo é a grande convergência desse grupo. Estamos nos defendendo de uma mídia que orquestrou o golpe de 64, e que está em conluio com jurídico até a última raiz. Se houver um golpe, haverá um retrocesso”, disse a Solange Amorim, 46, diretora escolar no Campo Limpo, zona sul.
Até a noite de 24/03/2016, mais de 400 coletivos, movimentos, redes e organizações da sociedade civil haviam assinado o manifesto. Leia aqui a íntegra.
Da Redação da Agência PT de Notícias,com informações da reportagem de Cleber Arruda, da Agência Mural