Partido dos Trabalhadores

“Estamos colhendo os frutos do desenvolvimento”, diz Tião Viana

Governador acredita que o projeto de País apresentado pelo PT levou o Acre a melhorar a qualidade de vida e a preservar o ambiente

Governador espera vencer em primeiro turno. Com sua vitória o PT completará 20 de poder no estado.

Em entrevista à Agência PT de Notícias, o governador do Acre e candidato à reeleição pelo PT, Tião Viana, faz planos para próxima gestão que espera conquistar já em primeiro turno. Viana anunciou, por exemplo, que vai priorizar a banda larga pública em todos os 22 municípios do estado.

Ele vislumbra a possibilidade de levar os produtos locais, como o açai e peixes, ao mercado do Pacífico porque agora que tem um corredor rodoviário ligando o Brasil à costa oeste do Peru. Fruto direto da política de integração econômica da América do Sul liderada pelo projeto dos governos petistas.

Essa perspectiva levará o desenvolvimento e renda com a manutenção da cobertura de floresta e não de pastagens. Isso porque o gado gera R$ 500 por hectare em um ano e o cultivo do açaí, R$ 21 mil. O governador planeja quintuplicar a produção de peixe no estado, especialmente o pirarucu (de 20 mil para 100 mil toneladas anuais), que rendem R$ 15 mil anuais por hectare. Floresta, portanto, é a melhor opção econômica.

Sua reeleição significará que o PT acreano irá completar 20 anos de poder ate o final do mandato, em 2018, período iniciado com a posse do irmão Jorge Viana, em 1999.

Viana fez também um balanço do seu primeiro mandado para a Agência PT e acredita que os melhores resultados só foram obtidos com “o apoio determinante” do governo federal: “90% do que fizemos no Acre tem a mão solidária e a parceria do governo Dilma”, assinala Viana.

Veja os melhores momentos da entrevista:

 

Agência PT de Notícias: Governador, como está a sua campanha à reeleição?
Tião Viana: Estamos bem, graças a Deus. Uma fase muito positiva e que aliviou a tensão inicial. O meu ponto forte é o cumprimento do que foi dito aos eleitores. Noventa por cento dos compromissos que anunciei foram cumpridos – e isso se reflete na aprovação de 93% do eleitor ao meu governo. Acordo todos os dias às 4h40 da manhã e já começo a trabalhar; já fiz 440 viagens aos municípios do Estado nesses pouco mais três de anos e meio, o que demonstra a minha forte ação presencial nos 22 municípios do estado. A nível federal, o acidente e morte do Eduardo Campos mudou o eixo da disputa, mas considero que Marina (Silva) tem menos consistência e foi beneficiada pela comoção do acidente, que impressionou a todos.
AGPT: E quais foram as conquistas obtidas no seu primeiro mandato?
Tião Viana: A população se sentia abandonada. Por falta de urbanização e saneamento, mães levavam filhos para escola na lama. Rio Branco vivia um problema com água e esgoto. Nos quatro piores bairros, parti para o saneamento integral. Recuperei a autoestima institucional do estado e preservei os recursos naturais. No saneamento básico, o Acre tinha 46% de cobertura e agora tem 99%; 62% dos municípios tinham saneamento, agora são 92%. E estou interiorizando todas essas ações. Nós avançamos muito nas atividades extrativistas (seringueira, castanha), na pecuária, produção de farinha e madeira, buscando a incorporação da tecnologia à atividade rural, com a mecanização de 59% da área – são 354 novas máquinas, tratores. Setenta e duas novas escolas estão sendo inauguradas dentro deste governo, contra 52 que tínhamos em toda história.
AGPT: E a vida dos extrativistas tem melhorado?
Tião Viana: Estamos tentando alcançar uma renda (mensal) de R$ 3 mil por família nas reservas extrativistas. Isso é aumentar em mais cinco vezes a média de renda deles. Era na faixa de R$ 600. Estamos consolidando políticas agora, pensando com eles, planejando com eles e decidindo com eles. Hoje, muitos deles têm moto, tem carro, os filhos estudam no ensino médio. Tem alguns deles com pós-graduação em pedagogia, em letras, em matemática. E tem uma fábrica de preservativos na atividade extrativista que produz 100 milhões de preservativos por ano. Só ela envolve 700 mil famílias de extrativistas.
AGPT: De onde veio os investimentos para aquele fábrica?
Tião Viana: Veio do Ministério da Saúde. Tudo isso aí tem a Dilma e Lula; nada, nada é sem Dilma e Lula. Noventa por cento do que conseguimos tem o apoio de Dilma e Lula. Eu digo que, sem eles, não teríamos conseguido avançar tanto.
AGPT: As atividades agrícolas também têm avançado?
Tião Viana: Estamos colhendo os frutos do desenvolvimento. Nós chegamos a casa de R 1 bilhão em receita com o peixe e a suinocultura. Aumentamos em seis vezes o plantio do milho, principal insumo de rações. Fomos buscar na Dinamarca a melhor tecnologia. A melhor fábrica de rações da América do Sul está aqui no Acre, funcionando. Só o Chile tem igual. Fomos buscar um frigorífico com o que há de melhor.

Tudo tem a Dilma e Lula; nada, nada é sem Dilma e Lula.

AGPT: Esses avanços foram obtidos apenas com o esforço do governo?
Tião Viana: Temos um modelo com a participação de todas as áreas – comunitária, pública e privada, de médio e grande portes. Até o Friboi está vindo visitar o peixe e o suíno, porque está achando muito interessante esse projeto. Colocamos o mercado como sócio. Tem um fundo chamado FIP (Fundo de Investimento e Participações), do BNDES, que é terceirizado por professores e economistas da USP. Eles ganharam a licitação do BNDES para administrar esse fundo. E o melhor investimento que eles acham da Amazônia é o do peixe.
AGPT: O abastecimento de energia deixou de ser problema?
Tião Viana: Nós tínhamos muitos apagões de energia aqui, antes da Dilma assumir. Hoje, ela consolidou o segundo linhão e, basicamente, acabou com os apagões. De 7,5 mil horas de luz ofertada por ano, em média, nós tivemos oito horas só de apagão – que é um índice baixíssimo. Ele (o linhão) vem de Rondônia e Itaipu, do sistema nacional interligado. Agora, a presidenta nos autorizou a fazer o linhão de para a área Cruzeiro do Sul – no valor de R$ 430 milhões. Isso quer dizer que vamos dar qualidade de energia para os povos que viviam isolados nesses municípios, usando térmica.
AGPT: O senhor implantou a Cidade do Povo. Como é?
Tião Viana:  São 50 praças públicas, esportivas, temos Upa (unidade saúde da família) e unidade de polícia. Neste momento está se construindo escola de ensino profissional e escola de gastronomia. É uma cidade com toda solução, do saneamento a tudo. Quem mora lá é a população de baixa renda, que vivia a margem dos rios, em que tudo alagava e era destruído todos os anos. Essa é a Cidade do Povo, do programa Minha Casa, Minha Vida. A presidenta Dilma disse que é o projeto modelo para o Brasil, pois tem solução para todos os problemas das pessoas. E está próxima ao distrito industrial, perto da área que gera emprego.
AGPT: Como são os programas para dar ocupação, moradia e renda no Acre?
Tião Viana:  São trabalhos com a comunidade, principalmente os de produção de peixe. Tínhamos a meta de atender 2 mil famílias com tanques comunitários de piscicultura; alcançamos 4,7 mil famílias; tínhamos meta da titulação fundiária urbana para atender 5 mil famílias, já alcançamos 27 mil famílias – bem mais que o planejado. Nos pequenos negócios, que é microeconomia, tínhamos meta de atender 5 mil famílias em quatro anos. Nele, a pessoa passa a ter seu negócio – salão de beleza, unidade de costura, uma sorveteria, uma padaria comunitária, uma roçadeira, uma oficina elétrica – e nós atingimos, ao invés da meta de 5 mil famílias, 14 mil famílias já atendidas com ajuda do Ministério do Trabalho. Somos um dos quatro estados com menor desemprego no país. Só perde para SC, Rondônia, porque lá tem as hidrelétricas, e tem um outro estado.
AGPT: E o nível da educação também melhorou?
Tião Viana:  Na educação, o Acre era o 27° do Brasil; hoje está entre os seis primeiros. Somos o estado que mais reduziu o analfabetismo de adultos. Quando a oposição governava, era 34% o índice de analfabetismo e hoje tá acima de 15% (considera pessoas acima de 15 anos). A mortalidade infantil era 56 óbitos por mil, está em 13 por mil – é um dos seis menores índices de mortalidade infantil do país. Promovemos uma grande inovação na Educação, com a criação de um centro de idiomas: ensinamos inglês, francês, espanhol e italiano para mais de 14 mil jovens. O jovem está de manhã na escola e à tarde está estudando línguas com a gente. Temos mais de 30 mil alunos na escola de tempo integral. Abrimos o Instituto de Matemática, Filosofia e Ciências. O aluno pode, à tarde ou de manhã, estudar matemática, filosofia, ciências, ética – e abrimos agora o de informática, que começa este mês. Entregamos computadores portáteis para todos os professores do ensino médio e para todos os alunos do terceiro ano do ensino médio, da rede pública estadual. Mercadante esteve aqui e ficou impressionado. Tem menina de 16 anos, falando inglês, é professora já, já trabalhando.
AGPT: Os alunos têm acesso à profissionalização e formação universitária?
Tião Viana:  Somos o segundo estado onde, proporcionalmente, os jovens mais acessam estudo universitário – só perdemos para a Paraíba, dado do MEC. Rio Branco tem 30 mil jovens fazendo universidade. Todos os municípios têm ensino universitário à distância ou presencial intermitente. No ensino profissionalizante, Pronatec, formamos 74 mil jovens. É o mesmo que, proporcionalmente à população, o Brasil ter formado 20 milhões – mas o país formou oito milhões. É uma revolução, nunca se viu nada parecido aqui, com ajuda do governo federal. Nosso instituto estadual formou 54 mil; o Senac, 10 mil; e, FAC, 10 mil.
AGPT: Houve avanços na industrialização do Acre?
Tião Viana:  Quando assumi, o Acre tinha 3 distritos industriais, hoje está com 13 – dez já funcionando nas regionais do estado. O arco industrial da madeira já está funcionando e o arco de instituição da diversificação de base econômica também.
AGPT: Por ser distante, o Acre ainda precisa buscar saúde fora?
Tião Viana:  Na saúde do Acre, quando assumimos, milhares de famílias ainda tinham de tratar câncer fora. Hoje, temos 5,2 mil famílias com seus membros tratando aqui no Acre. É o primeiro estado da Amazônia que faz transplante de fígado; já fazemos de rins, córnea e osso. Quando assumi, 100% dos casos das doenças coronarianas eram tratadas fora do estado; hoje 99% são tradadas aqui. Fazemos hemodinâmica, com cateterismo, colocação de stent, angioplastia, ponte de safena, cirurgia mamária, implante de marcapasso e colocação de próteses cardíacas – tudo isso nós fazemos aqui, e já estamos interiorizando essas ações.
AGPT: Tem participação federal nisso tudo?
Tião Viana:  A presidenta Dilma ajudou a construir o Hospital Regional do Alto Acre, de Brasiléia, R$ 50 milhões; o hospital de traumato-ortopedia e neurogirurgia vai ser inaugurado nas próximas semanas. Temos na capital o dobro de Upas que o ministério recomenda – tudo com apoio do governo federal. Fazemos cirurgias de epilepsia na rede pública – custa de R$ 120 a R$ 150 mil, mas fazemos de graça na rede pública. Fizemos 30,5 mil cirurgias de cataratas, ao custo de R$ 6 mil para quem ia pagar. Zeramos o déficit de cirurgia de catarata. Estamos implantando 5,1 mil próteses auditivas – todo mês, 150 surdos, recebe uma. Só temos gratidão ao governo federal.
AGPT: Com tanta realização, quais são os compromissos para o segundo mandato?
Tião Viana:  Compromisso é banda larga, com internet em alta velocidade em todos os municípios do estado – senão, não vai ter educação do futuro; é garantirmos mais escola de tempo integral; é consolidarmos as políticas de solução dos problemas de saúde nas regionais do estado, para acabar as filas. Somos o único estado que zerou as filas de cirurgia geral – não tem doente esperando na fila, não – à exceção de algumas especialidades, como varizes, próstata, alguns aneurismas e próteses. Nas outras especialidades, nós zeramos. Sobram 200 vagas por mês, de cirurgia geral, na capital. Temos de avançar na humanização dos serviços públicos para a comunidade no próximo governo e consolidar a redução de desigualdades que ainda existe entre os trabalhadores rurais e os das cidades.
AGPT: O Acre carece ainda de rodovias?
Tião Viana:  Como conseguimos fazer as rodovias estaduais, as federais e as ruas de todas as cidades – não esperamos os municípios, pois em 30 anos não iriam fazer – agora vamos cuidar das estradas vicinais, os ramais. Tem 13 mil quilômetros de malha rodoviária rural que nós vamos focar todo o esforço nelas agora, porque é a última fronteira de infraestrutura.
AGPT: Há mercado no Acre para ampliação industrial da produção local?
Tião Viana:  Consolidar a industrialização, com alta tecnologia, é a nossa responsabilidade. Por isso que, no caso do peixe, nós queremos sair da produção de 20 mil toneladas/ano para 100 mil/ano, para sermos o maior produtor do Brasil, de água doce; e ampliar a produção suína, também para 100 mil toneladas. E é fácil fazer isso em quatro anos. Hoje o Peru está interligado, por rodovia, pela qual nós queremos alcançar o mercado asiático. A nossa Zona Especial de Exportação já foi visitada pela China três vezes. Tem empresa australiana que já decidiu implantar modelo de indústria para levar o açaí para a China – já conseguiu autorização do governo chinês para exportação do fruto. Vai ser uma grande nova vertente econômica. O açaí rende R$ 21 mil por hectare/ano; o peixe dá R$ 15 mil; e o gado, R$ 500.
AGPT: Vocês estão fazendo uma saída para o Pacífico por aqui?
Tião Viana:  Não, a estrada já está pronta. O Lula concluiu, mas ficou faltando uma etapa final, que a Dilma inaugurou. É linda a estrada, maravilhosa. Saímos de 250 veículos que circulavam por ali em 2009, quando fazíamos a estrada, para 30 mil, hoje. E está subindo exponencialmente o trânsito de fronteira.
AGPT: Por qual porto o produto vai seguir para a Ásia?
Tião Viana:  É Matarani, 400 quilômetros abaixo de Lima (Peru). Você está aqui a 1,7 mil quilômetros do Pacífico e a 3,5 mil quilômetros do Atlântico. E os chineses querem fazer a ferrovia. Na reunião dos Brics, o presidente chinês disse: “É uma prioridade da América do Sul para o povo chinês a ferrovia Pacífico/Atlântico vindo pelo Acre”.

Tenho enorme esperança que o Brasil vai fazer justiça ao grande projeto de nação que foi apresentado pelo PT e pelo Lula, e agora é tão bem conduzido pela presidenta Dilma.

AGPT: Em relação ao meio ambiente, o que temos?
Tião Viana:  Investimento nos povos indígenas, que são os grandes guardiões do meio ambiente e nas reservas extrativistas. O governo do Estado faz mais investimento aqui que o governo federal. Não é que o governo federal faça pouco investimento aqui – faz demais. Mas fazemos mais ainda porque é obrigação de princípio nosso. O Acre consegue ser o terceiro estado que mais diminuiu a curva do desmatamento da Amazônia. O Acre consegue ser o estado que aumenta a defesa do meio ambiente, preserva os recursos naturais, mas sobe, fortemente, a economia. Ao mesmo tempo que reduz o desmatamento, aumenta a preservação e melhora a economia. É uma equação perfeita.
AGPT: É possível preservar e crescer ao mesmo tempo?
Tião Viana:  É uma questão de princípio e de valor, de conceito de vida, a questão ambiental. Para nós vivermos na Amazônia é obrigação ética e moral preservar e desenvolver. E conseguimos isso. Hoje, empreendimentos médios e grandes, basicamente, já eliminaram completamente as queimadas. Quem ainda derruba e queima é o pequeno – são 40 mil camponeses que têm de sobreviver. E nós estamos substituindo os mecanismos de produção primária e secundária, por tecnologia, para que eles não desmatem e queimem mais. Acho que daqui a três, quatro anos, nós estaremos trabalhando com desmatamento zero no Acre. Vai ser o primeiro estado da Amazônia que vai poder fazer isso.
AGPT: E qual desses projetos tiveram apoio do governo federal?
Tião Viana:  Todos, todos. Nada do Acre é sem apoio de Lula e Dilma. Tenho enorme esperança que o Brasil vai fazer justiça ao grande projeto de nação que foi apresentado pelo PT e pelo Lula, e agora é tão bem conduzido pela presidenta Dilma. Enquanto a Europa demitiu 60 milhões de pessoas, ela deu emprego formal a milhões de brasileiros. É por essa razão que eu tenho muita esperança que ela vai conseguir receber o voto de justiça do povo brasileiro. Por conduzir com tanta grandeza e tanta dignidade esse país está consolidando uma nação verdadeira para as futuras gerações. Por isso, peço o voto 13 para este país.

 

Por Marcio Morais, da Agência PT de Notícias, com fotos de Sheyla Leal