O alerta para a possibilidade de o país entrar em colapso a partir da política de cortes no orçamento vem sendo dado desde a gestão golpista e ilegítima de Michel Temer – como esquecer a catastrófica PEC do Teto de Gastos? Mas em tempos de retrocessos sempre é possível piorar.
Preso a um vertiginoso mundo de declarações raivosas, racismo, preconceito e desinformação, Jair Bolsonaro transformou o que já era péssimo num desastre completo: comprimiu o orçamento público em todas as áreas, agravou a crise iniciada pós-golpe, mostrou-se incapaz de apresentar soluções de desenvolvimento e aumentou a pressão sobre o próprio governo.
A previsão, conforme análise realizada pela Folha de S. Paulo nesta sexta (16), é de que a paralisia em programas essenciais dos ministérios aconteça já nos próximos meses. Em alguns setores, os efeitos dos cortes já são visíveis e afetam milhares de brasileiros.
O caso da educação é o mais emblemático. Responsáveis pelo primeiro grande enfrentamento ao desgoverno, estudantes, professores e servidores públicos têm mostrado força exemplar para conter os cortes que têm causado a suspensão de milhares de bolsas de estudo e até mesmo o encerramento das atividades em instituições federais de ensino.
Nesta quinta-feira (15), por exemplo, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico) anunciou a suspensão de 4,5 mil bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado que seriam distribuídas às universidades. Mas a previsão é de que a partir de setembro o órgão não tenha mais recursos para pagar as cerca de 84 mil bolsas atualmente ativas.
Ainda segundo a Folha de S. Paulo, o Ministério da Educação, que sofreu o maior bloqueio, está com R$ 6,2 bilhões travados e conta com a recomposição dos recursos até o fim do ano para a continuidade de programas.
Polícia Federal
O desmonte da Polícia Federal é demonstração clara de que o discurso e prática nunca andam juntos quando se trata de Bolsonaro. A promessa de fortalecer a instituição ficou no passado e a realidade da PF passa muito longe do ideal. A restrição atinge programas de qualificação, viagens e investigações. Em São Paulo, um dos maiores centros do órgão, os treinamentos de tiro foram interrompidos.
O pagamento de diárias e passagens para os policiais federais também está limitado. Delegados relatam ainda que bases de inteligência que atuam para reforçar operações, como na repressão ao tráfico de drogas, devem ser reduzidas. Também há risco de insuficiência de recursos para a emissão de passaportes. De acordo com o Ministério da Justiça, dos R$ 305 milhões destinados a essa finalidade, R$ 61 milhões estão travados pelo governo.
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações da Folha de S. Paulo