O ano é 2003. Enquanto um Silva subia a rampa do Palácio do Planalto para se tornar o primeiro operário eleito presidente da República, uma outra Silva morava a poucos quilômetros dali, em um barraco de madeira e lona.
A brasiliense Carina da Silva Pereira, 37 anos, seu marido Elysandro Alves Damascena, 40 anos, e seus dois filhos, Rodrigo, 17, e Erika, 15, moravam em um terreno ocupado, no meio do mato, onde ela trabalhava como catadora de lixo.
Ao longo dos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta eleita Dilma Rousseff, a vida dessa família seria transformada. A começar pelo endereço: do barraco de madeira para uma casa de alvenaria no Gama, cidade-satélite de Brasília (DF).
“Essa aqui é alugada, mas eu pretendo ter meu próprio imóvel”, garante a hoje empregada doméstica Carina.
A casa é simples, mas com um quarto para cada morador. Na sala, uma televisão e um sofá, onde Carina sentou para contar sua história.
“Era uma vida que eu não quero para ninguém. Era ruim. Não tinha como eu dar as coisas que os meninos queriam. A gente morava num barraquinho de madeirite, daqueles madeirites bem fraquinhos. E direto a polícia ia lá derrubar, tomar nossas coisas. A gente tinha que correr e esconder tudo dentro do mato. Era muito triste aquilo”, lembra.
Em certo ponto, a família chegou a morar em uma barraca de lona, o que levou a filha mais nova, Erika, na época ainda um bebê, a ter desidratação. “Por conta de quentura. Corri com ela pro hospital e fiquei três dias com ela internada”, conta Carina.
Outra transformação aconteceria na mesa da família. Naquela época, o dinheiro que ganhavam catando materiais como papelão, latinha e saco plástico no lixo mal dava para sobreviver e a alimentação era precária. Carne, por exemplo, era artigo raro na casa.
“Não dava muito dinheiro. Dava para comer o básico e olhe lá. Muitas vezes nós passamos por necessidade. Tinha dia que os meninos me pediam comida, biscoito, leite, e eu não tinha dinheiro pra comprar para eles. Não tinha como eu comprar roupa, calçado, ficava com o coração na mão”, relembra a mãe.
Com os governos do PT, a situação mudou. E ela garante: para melhor.
“Hoje a gente pode comer o que der vontade de comer. Pode ir numa lanchonete comer um cachorro quente, um hambúrguer. Sempre que quiser. Leva os meninos, às vezes, quando não pirraçam a gente!”, conta Elysandro.
Ele hoje é serralheiro e se considera um homem realizado. Mas também não esquece como era a vida no barraco.
“Minha vida lá era uma vida corrida, sofrida e cheia de sonhos. A sobrevivência hoje, comparado ao que estava antes, está bem melhor. Hoje eu não considero uma vida difícil”, conta o baiano que chegou em Brasília em 1994.
A família que nunca parou de sonhar agora consegue realizar mais uma transformação. É que Carina voltou a estudar, está terminando o supletivo do ensino médio e chega mais perto de alcançar seu sonho: ser enfermeira.
“Quero ser enfermeira, trabalhar com medicina é o meu sonho, desde criança”, afirma, determinada.
Já Elysandro responde sobre aqueles sonhos da época do barraco: “realizei quase todos. Eu penso em fazer ainda meu curso de técnico em telecomunicação. Tenho 40 anos, mas eu penso em fazer ele ainda. São três anos para fazer. Tenho tempo ainda”.
Com o PT era melhor
Carina e Elysandro não receberam nenhuma ajuda direta do governo, como o Bolsa Família, mas sabem que o Brasil era melhor, especialmente para quem mais precisa, quando o PT estava no governo.
“Quando era Lula, estava bem melhor. Você ia pedir emprego, já saía com a carteira assinada. Hoje em dia, não. Mandam voltar outro dia porque não tem emprego”, constata Elysandro.
Para ele, Lula foi o melhor presidente que o Brasil já teve. O serralheiro garante que votará no petista de novo, se ele se candidatar.
“Para mim, o candidato sempre foi Lula. Lula foi o melhor presidente que existiu, para mim, na face da Terra, foi o Lula. Ele tratou muito dos pobres. Lula foi o presidente dos pobres. Não foi dos ricos porque os ricos não aceitavam Lula, porque ele ajudou muito os pobres”, afirma.
Sua esposa acrescenta que, depois que o PT saiu do governo, as coisas pioraram.
“Com esse governo agora está pior. Dilma estava fazendo alguma coisa, mas esse governo aí não está fazendo nada. Está pior. Está uma negação”, lamenta Carina.
Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias