Partido dos Trabalhadores

Com quase 100 mil mortos nas costas, Bolsonaro insiste em loteria da morte

Presidente volta a dar demonstrações de ignorância e desprezo pela vida humana, minimizando mais uma vez a letalidade da doença. “Tem medo do quê? Enfrenta. Lamento. Lamento as mortes, tá certo. Morre gente todo dia de uma série de causas e é a vida”, disse. OMS volta a alertar sobre a gravidade da crise no país: “A situação no Brasil continua sendo de grande preocupação, com muitos estados relatando muitos casos”, advertiu o diretor da OMS, Mike Ryan. Ele chama a atenção para média de mais de 60 mil novas infecções diárias. Brasil registra 2.736.298 casos de Covid-19 e mais de 94.226 mortes, segundo atualização do consórcio formado por veículos de imprensa

Nesta segunda-feira, o Brasil registrou 2.736.298 casos de Covid-19 e mais de 94.226 mortes, segundo atualização do consórcio formado por veículos de imprensa. Em meio à brutal escalada da pandemia do coronavírus no Brasil, que deve atingir a trágica marca de 100 mil óbitos por causa da doença ainda nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro voltou a dar demonstrações de ignorância e desprezo pela vida humana. Em Bagé (RS), Bolsonaro minimizou mais uma vez a letalidade da doença, questionando qual o temor das pessoas em relação ao Covid-19.

“Nós temos três ondas: a questão da vida, a recessão, e em cima da miséria, vem o socialismo. É isso o que vocês querem no Brasil? Temos é que enfrentar as coisas, acontece”, discursou o presidente, durante inauguração de condomínios populares. “Eu estou no grupo de risco. Eu nunca negligenciei, eu sabia que um dia ia pegar, como infelizmente, eu acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê? Enfrenta. Lamento. Lamento as mortes, tá certo? Morre gente todo dia de uma série de causas e é a vida. Minha esposa agora tá, depois de quase um mês que peguei o vírus, ela pegou”, comentou.

Cloroquina

Bolsonaro também voltou a defender o uso da hidroxicloroquina para tratar casos da doença, garantindo que “estudou” o uso da droga. “Agora ainda não temos alternativa. O pessoal fala ‘ah, não tem comprovação científica’. Todos nós sabemos que não tem comprovação científica, agora não tem também ninguém cientificamente dizendo que não faz efeito. É o que tem. Então vamos usar, ora. Ouvindo o médico, obviamente”, declarou.

Bolsonaro também fez questão de deixar claro que continuará apostando na estratégia de sabotagem às recomendações de isolamento social de autoridades, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), promovendo aglomerações e arriscando a vida da população. “Falei que pelo menos uma vez por semana vou sair de Brasília. Ontem estive no Piauí. Tivemos na Bahia também”, comentou. Ele insiste na linha genocida que já o levou a ser denunciado por crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia.

O gravíssimo quadro de descontrole da crise sanitária no país preocupa autoridades. Nesta segunda-feira, durante entrevista coletiva concedida pelo chefe de operações de emergência da OMS, Mike Ryan, em Genebra, na Suíça, o Brasil voltou a ser citado pelo péssima resposta à pandemia. “A situação no Brasil continua sendo de grande preocupação, com muitos estados relatando muitos casos”, afirmou Ryan.

Com média de mais de 60 mil novas contaminações diárias, apontou o especialista, o Brasil precisa reavaliar a estratégia de combate à doença, priorizando uma coordenação nacional que integre estados e municípios a fim de frear a propagação do vírus. “Isso só pode ser feito com uma parceira forte entre governo federal, estadual e comunidade”, observou Ryan.

Vacina

Já o diretor-geral da agência, Tedros Adhanom Ghebreyesus, jogou um balde de água fria nos que depositam as esperanças no surgimento de uma vacina contra o Covid-19. “Não existe bala de prata no momento e talvez nunca exista”, afirmou Adhanom. “Há preocupação de que talvez não tenhamos uma vacina que funcione. Ou que a proteção oferecida possa durar apenas alguns meses, nada mais”.

Segundo o diretor da OMS, ainda é muito cedo para uma conclusão sobre o assunto, pelo menos até que todos os testes sejam encerrados. Até lá, o diretor-geral reforçou a necessidade de os governos manterem medidas para conter a disseminação do vírus, como o uso de máscaras e o distanciamento social.

“Medidas estritas afetam a sociedade e economia. O comitê admite que escolhas são difíceis. Mas quando líderes assumem papel e trabalham com comunidade, é uma demonstração que pandemia pode ser controlada”, ressaltou Tedros. Ele chamou a atenção para o fato de que a pandemia é grave. Isso porque combina dois fatores perigosos: se espalha rápido e ao mesmo tempo, mata. “Sabemos o caminho certo. O difícil é escolher seguir esse caminho”, concluiu Ryan.

 

Da Redação, com informações de UOL e ‘Correio Braziliense’