Depois de ter assumido a Presidência e de ter montado uma equipe de ministros sem nenhuma mulher, em 2016, o golpista Michel Temer (PMDB) continua a mostrar o caráter preconceituoso e misógino de sua gestão. Levantamento feito pelo jornal “Folha de S. Paulo” e divulgado neste domingo (10) aponta que a proporção de mulheres nos cargos mais altos de confiança do Executivo voltou ao patamar de 15 anos atrás, época do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Ou seja, a proporção de mulheres, que tinha aumentado nas gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff caiu com a chegada de Temer ao poder.
“Nas funções de confiança com remuneração média de R$ 20 mil, as mulheres são apenas 22% —ou seja, não chegam a um quarto do total dessas vagas. Quando Fernando Henrique deixou o governo, no fim de 2002, a taxa era de 21,5%. Em abril de 2016, antes de Dilma Rousseff deixar a Presidência, a taxa era de 26,2%”, pontua o jornal.
O levantamento feito pela “Folha de S. Paulo” leva em conta parte dos cargos em comissão do grupo DAS. Esse grupo, chamado de Direção e Assessoramento Superiores, é dividido em níveis de 1 a 6. Vale lembrar que, quanto maior o nível, maior salário do servidor.
Os patamares de 1 a 4 tem uma maior proporção de mulheres. Elas ocupam, nesta faixa, 42,7% do total dos cargos comissionados. No entanto, a quantidade de mulheres cai quando sobe o nível dos cargos e as remunerações. Nos patamares 5 e 6, considerados no levantamento inicial do jornal, elas ocupam 22% dos cargos que têm funções mais elevadas, atribuídas, por exemplo, a assessores especiais e secretários de ministérios.
Gestão misógina
No primeiro dia de Temer como presidente golpista interino, chamou a atenção da opinião pública o ministério anunciado pelo usurpador. Dos 23 nomes escolhidos na época, 23 eram homens. Atualmente, Temer conta apenas com duas mulheres no primeiro escalão do governo. São elas: a advogada-geral da União, Grace Mendonça, e a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois.
Quando Dilma assumiu, em 2016, havia seis ministras: Kátia Abreu (Agricultura), Ideli Salvatti (Direitos Humanos),Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Nilma Lino Gomes (Igualdade Racial) e Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulheres).
Vale lembrar, também, o discurso machista que Temer fez no Dia da Mulher, neste ano. Acompanhado da primeira-dama Marcela Temer, ele afirmou que só a mulher é capaz de indicar ‘desajustes’ de preço no supermercado.
“Na economia também a mulher tem grande participação. Ninguém mais é capaz de indicar os desajustes de preços no supermercado do que a mulher.” Além disso, ele ainda disse que mulher é tratada como ‘figura de segunda grau’ e disse ter “convicção do quanto a mulher faz pela casa”.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do jornal “Folha de S. Paulo”