A cada dia se torna mais evidente que a compra de uma mansão de quase R$ 6 milhões, em um bairro nobre de Brasília, pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), precisa ser investigada. Por isso, o PT, ao lado de PSol e Rede, pede que o suspeitíssimo negócio seja explicado pelo filho de Jair Bolsonaro no Conselho de Ética.
O senador Humberto Costa (PT-PE) explicou a iniciativa da oposição em entrevista ao Jornal Nacional, na noite de quarta-feira: “Dado o aspecto nebuloso que essa transação guarda, é importante que haja esclarecimento sobre a origem do recurso e como se deu essa transação, se houve algum tipo de favorecimento por parte do presidente do banco que fez o financiamento. Esclarecido esse conjunto de questões, certamente que ficaremos satisfeitos. Caso contrário, talvez seja necessário o processo de investigação a ser feito pelos órgãos competentes, como a Receita Federal e outros”.
O fato de Flávio ter conseguido adquirir uma mansão com seu salário de senador não é o único a ser esclarecido. A mais recente revelação é a de que ele comprou a mansão do namorado da juíza Cláudia Silvia de Andrade, que já trabalhou no gabinete do ministro do STJ João Otávio de Noronha, o mesmo que proferiu sentenças favoráveis a Flávio no caso das rachadinhas.
Vale lembrar que a investigação das rachadinhas fez com que Flávio fosse denunciado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Na apuração, foram encontrados indícios, pelo Ministério Público do Rio, de enriquecimento ilícito por meio de compra e venda de imóveis feitas pelo filho do presidente (foram 20 em 16 anos, segundo apuração da Folha de S. Paulo).
O empréstimo por parte do Banco de Brasília (BRB), a juros abaixo dos praticados no mercado, também gera questionamentos. Afinal, se trata de um banco público, hoje sob a tutela do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), alinhado ao governo Bolsonaro.
Representação já existe
Por isso, PT, PSol e Rede querem que os fatos sobre a compra da mansão sejam apurados. Para isso, solicitaram que ela seja incluída a uma representação já feita, em 2020, contra Flávio Bolsonaro no Conselho de Ética, justamente por conta das rachadinhas.
No pedido de inclusão, os parlamentares afirmam: “Novas e gravíssimas denúncias de movimentações financeiras incompatíveis com os rendimentos declarados pelo senador Flávio Bolsonaro, inundaram o noticiário nacional. Não é a primeira vez que transações imobiliárias são colocadas em xeque por investigadores do Ministério Público do Rio, razão pela qual merecem ser amplamente esclarecidas e investigadas”.
Da Redação, com Folha de S. Paulo, UOL e O Globo