Aprovada em 2011, e colocada em prática em 2013, a paridade de gênero nas instâncias partidárias do PT completou um ciclo completo em 2017. Para Laisy Moriére, Secretária Nacional de Mulheres do Partido, as mulheres vão reafirmar a importância dessa política no 6º Congresso Nacional do PT – Marisa Letícia Lula da Silva, que ocorre nesta semana, nos dias 1, 2 e 3 de junho.
Desde a aprovação da paridade, mulheres têm direito a 50% dos cargos na executivas estaduais, municipais e nacionais do partido. “As mulheres vão reafirmar sua participação. Porque sempre teve um rumor de pessoas que querem acabar com a paridade”, diz ela.
Para Moriére, a educação patriarcal faz com que os homens tenham muita dificuldade de aceitar dividir o poder com as mulheres. “Para entrar uma mulher, tem que sair um homem. E muitos foram criados nessa noção patriarcal que o poder absoluto é do homem”, afirma.
Segundo ela, essa construção da igualdade tem a ver com uma concepção de partido, mais igualitário e diverso, e com normas e regras que favoreçam a inclusão. “É o que diferencia o PT de outros partidos”, diz.
Seminário “Mulher e participação na política”
Na quarta-feira (31), a Secretaria de Mulheres promove o seminário “Mulher e participação na política: desafios e perspectivas”, que discutirá os primeiros quatro anos dessa política, no Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília.
O evento na quarta-feira terá dois painéis. No primeiro, a pauta será: “Mulher e participação na política: desafios e perspectivas numa visão sociológica”. Moriére explica que objetivo dessa mesa é refletir a participação das mulheres e o feminismo de um ponto de vista histórico e sociológico. Para isso, foram convidadas duas pesquisadoras do tema.
A primeira debatedora é Clara Araújo, primeira presidenta mulher da União Nacional dos Estudantes (UNE), e que hoje é professora de sociologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). A outra debatedora é Flávia Biroli, professora da Universidade de Brasília.
A implantação da paridade de gênero será pauta da segunda mesa, intitulada de “Paridade no PT: do direito ao fato”. Para a discussão, foram convidadas mulheres de todas as tendências do partido. A própria Moriéri representará a corrente Construindo um Novo Brasil. Tatau Godinho, a Democracia Socialista. Da Mensagem, Vera Machado. Da Militância Socialista, Maristella Mattos, da Novos Rumos, Juliana Cardoso, e do Movimento PT, Luciana Mandelli. A Articulação de Esquerda ainda não confirmou o nome.
Segundo Célia Alves, da Secretaria de Políticas para as Mulheres do partido, a ideia é que essas delegadas deem o pontapé inicial para o debate com as outras delegadas participantes.
Laisy aponta dificuldade das mulheres em se manterem na militância
Permanência das mulheres na militância
Moriéri ressalta que outro problema que as mulheres petistas se deparam é a permanência na militância. Sobretudo para as mulheres com filhos. Segundo ela, é comum que casais comecem a militância juntos, mas quando têm filhos, apenas o homem continua. Ou quando levam a criança em reuniões, a mulher que fica responsável.
“É difícil para os homens entenderem que as mulheres às vezes precisam que a reunião comece na hora, e termine na hora, ou que não podem ficar o domingo todo reunidas”, explica Laisy.
Outro problema é a questão cultural nesses ambientes. “Na própria reunião, as mulheres tem dificuldade para se colocar e muitas vezes, quando começam a falar, os homens fazem caretas e começam a conversar. Isso desestimula a participação feminina. É preciso uma mudança cultural”, afirma.
Muitas mulheres, vítimas de violência, não conseguem perceber a situação em que se encontram, porque isso é normalizado.
Serviço
Seminário “Mulher e participação na política: desafios e perspectivas”
Data: 31 de maio
Local: Hotel San Marco (Setor Hoteleiro Sul – Brasília – DF)
Hora: Credenciamento às 13h00. Evento previsto para começar às 14h30
Da Redação da Agência PT de Notícias