O secretário nacional de Finanças do PT, Marcio Macedo, afirmou, nesta sexta-feira (4), que “não acredita que os deputados e senadores do Brasil vão querer entrar para a história por terem apoiado um processo de impeachment arbitrário, seguindo a orientação de um chantagista sem condições éticas e morais, contra uma presidente íntegra e honesta”.
Ex-deputado federal, ele defendeu que os movimentos sociais, estudantis, sindicatos, entidades da sociedade civil, militantes petistas e partidos aliados “lutem contra o golpe que querem dar na democracia brasileira”. “O meu sentimento é de indignação. Eu estarei nas ruas. Não me acovardarei”, avisou.
Entrevistado na rádio Ilha FM, de Aracaju (SE), Marcio Macedo foi duro nas críticas ao presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Alguém que está com as mãos enlameadas quer sujar a trajetória política de uma mulher contra quem não há qualquer indicio de corrupção ou malfeito”, disse. “Cunha age por insanidade e por vingança. Ele tem ação revanchista, pois se sente ameaçado em seus interesses pessoais e em seu futuro político. Não tem legitimidade. Ele tenta esconder o processo que está passando atrás do impeachment”, complementou.
Golpista tucano – O secretário de Finanças também condenou o apoio dado pelo PSDB ao processo, sobretudo pelo presidente nacional da sigla, senador Aécio Neves (MG). Marcio Macedo lembrou que o avô do tucano, Tancredo Neves, de quem o parlamentar se diz “herdeiro político”, esteve ao lado de Getúlio Vargas e de João Goulart, em momentos nos quais o país esteve sob ameaças golpistas.
“Aécio deveria seguir o exemplo do avô dele. Tancredo esteve ao lado de Getúlio e de João Goulart. Quando o presidente da Câmara declarou aberta a vaga da Presidência da República, naquela manobra na qual tentaram dar um verniz constitucional para o golpe militar, Tancredo se levantou e gritou ‘Canalhas, canalhas, vocês estão dando um golpe’. Aécio deveria seguir o exemplo do avô. Ele não deveria participar desta canalhice”, opinou.
Na entrevista, Marcio Macedo destacou as iniciativas que ganham corpo em toda a sociedade contra o impeachment. Ele citou a Carta dos Governadores do Nordeste, a posição da CNBB, as declarações das OABs, o Manifesto da CUT, além das declarações do governador do Rio, Fernando Pezão, e do prefeito carioca Eduardo Paes. O petista também ressaltou a nota divulgada pelo governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB).
“A sociedade está se organizando. Os setores estão se mobilizando e se insurgindo, para preservar a democracia, o Estado de Direito e a Constituição. O que está em jogo não é o mandato da presidente Dilma. É a nossa jovem democracia. Não podemos permitir que um homem com as características como as Eduardo Cunha leve o país inteiro à bancarrota. Como cidadão, que preza e ama o seu país, estou indignado. Eu vou estar na luta pela democracia. Não quero que minha biografia seja manchada pela covardia de quem não lutou contra um golpe de Estado como o que querem aplicar no Brasil”, reforçou.
Sobre os argumentos utilizados no pedido de impeachment, Marcio explicou que as pedaladas fiscais não mais existem no contexto das finanças do país neste ano, uma vez que o Congresso aprovou no início da semana a mudança no Orçamento, com o estabelecimento de uma nova meta fiscal, o que inviabiliza a principal tese do pedido que foi aceito por Cunha.
Do PT na Câmara, com informações da assessoria de imprensa