Em pesquisa divulgada após as manifestações deste domingo (16), o Datafolha traçou o perfil das pessoas que participaram do protesto na Avenida Paulista, em São Paulo. Segundo os dados, o número de jovens entre 21 e 25 anos representa 6% do total, enquanto os que têm 51 anos ou mais são 40%. Além disso, 75% se auto declara branco e apenas 3%, negro.
Na faixa entre 26 e 35 anos estão 19% dos manifestantes, enquanto 30% têm entre 36 e 50 anos. Os que são formados em um curso de ensino superior representam 76% e no quesito renda familiar mensal, 25,17% recebe entre R$ 7.881 e R$ 15.760.
No segundo turno das eleições de 2014, 77% dos manifestantes votaram em Aécio Neves (PSDB). Cerca de 10% não votaram nas eleições, 6% anularam o voto e 5% escolheram a presidenta Dilma Rousseff.
O PSDB é o partido de preferência entre os que foram ao protesto, com 33%.
O cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Michel Zaidan, acredita que está havendo cada vez mais “convergência e coerência” na identificação da maioria desses manifestantes com aqueles que votaram no PSDB nas últimas eleições.
Para ele, não há surpresa no perfil dos manifestantes onde a maioria é formada por homens com mais de cinquenta anos, brancos e com renda de até R$ 15 mil.
“A classe média tradicional, típica dos movimentos reformistas de São Paulo, tem como agenda uma moralidade udenista, extremamente conservadora e antipopular. É desse grupo social que vem, não só a reivindicação de combate a corrupção e a prisão dos corruptos, mas também os pedidos de golpe, renúncia, impedimento da presidente da república”, explica o cientista político.
“Este grupo é caracterizado por um antipetismo histórico, capaz de dar seu voto a Paulo Maluf, José Serra, Geraldo Alckmin, menos ao PT. Ao contrário da classe média carioca “jacobina” essa, paulistana, sempre foi conservadora”, completa.
Agressividade e hostilidade – Após a manifestação, diversos casos de agressão e xingamentos vieram a público. Em dia de manifestação que pede o impeachment da presidenta Dilma tornou-se perigoso usar qualquer acessório vermelho.
Uma senhora de 73 anos foi xingada e teve que ser escoltada pela polícia por esse motivo. Também durante o protesto, um rapaz negro e gari foi cercado e hostilizado por manifestantes e também teve que ser protegido por policiais até estar em um lugar seguro.
Segundo a socióloga da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Esther Solano, o clima de polarização política está muito “tenso e raivoso” e muito do que as ruas mostram é espelho do atual Congresso Nacional.
“É difícil poder trocar opiniões e dialogar com os que pensam politicamente diferente. As ruas refletem também esta polarização radical e intolerante que está no parlamento”, conclui.
Por Danielle Cambraia, da Agência PT de Notícias