No ano de 2009, Brasil, Rússia, Índia e China, visando à construção de um mundo multipolar, em quê os Estados Unidos e a União Européia não despontassem isoladamente como protagonistas das relações internacionais, criaram juntos um grupo que conhecemos hoje como BRICS, uma sigla na língua inglesa correspondente a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, sendo o último país admitido apenas em 2011.
O BRICS apesar de não se caracterizar como um bloco econômico (semelhante a União Européia), nem uma aliança militar assim como a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), figura nas relações internacionais como um grupo que visa expandir a sua influência geopolítica e cooperar economicamente entre si – ao menos por enquanto. Um fato interessante sobre os BRICS foi a criação do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS (NDB), uma iniciativa ambiciosa que visa consolidar-se como uma alternativa de cooperação econômica frente ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e ao BM (Banco Mundial).
Você, caro leitor, pode estar se perguntando neste ponto o que o título deste artigo tem a ver com as informações trazidas até aqui por esse simples especulador que vos fala, eu apostaria (gosto do risco) dizer que tem tudo a ser relacionado. Vejamos mais adiante.
Em julho de 2019, na cidade de Salvador, capital da Bahia, os governadores dos nove estados do Nordeste brasileiro firmaram um pacto institucional, administrativo e político entre os estados da região chamado de “Consórcio Nordeste”. De maneira particular, prefiro chamar de “a solução dos nove”, atribuo este nome pelo fato de que o Consórcio Nordeste surgiu como uma solução viável ao clima de polarização e desunião nacional, propagado imperativamente pelo mandatário chefe do Poder Executivo federal, o presidente Jair Bolsonaro.
Torna-se importante ainda registrar, que o Consórcio Nordeste surge como uma alternativa administrativa e política em uma aliança de centro-esquerda à forma como Bolsonaro administra o país, os nove governadores da região dividem-se entre os seguintes partidos: PT, PSB, PCdoB, MDB, PSD e CIDADANIA. Uma ampla aliança formada com o interesse principal de garantir o desenvolvimento sustentável da Região Nordeste.
A intenção dos nove governadores através do Consórcio resume-se em trabalhar conjuntamente nas áreas essenciais da região, como saúde, segurança pública, infraestrutura, geração de emprego e renda e desenvolvimento sustentável. Esta iniciativa mostrou-se ainda mais exitosa neste momento de crise sanitária que o país vivencia em decorrência da pandemia do covid-19.
Enquanto o Ministério da Saúde e o Governo Federal andam na contramão do que indica a unanimidade das autoridades internacionais em saúde, o Consórcio Nordeste no final do mês de março criou um Comitê Científico para combater a pandemia do coronavirus na região, coordenado pelo cientista Miguel Nicolelis e pelo ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende. Como fruto desse Comitê, no mês de abril foi criada ainda uma Brigada Emergencial de Saúde, que congrega estudantes das áreas de saúde, voluntários e além de médicos formados no Brasil, os que se formaram no exterior.
Obviamente que seria ignorância comparar o Nordeste Brasileiro e seu Consórcio com a dimensão política e econômica do BRICS, registro que esta não é a finalidade a que se propõe este escrito, porém, dentro de uma realidade nacional, o Consórcio Nordeste surge com a semelhança dos BRICS: cooperação, desenvolvimento e criação de um novo pólo político e alternativo ao que emergiu no Governo Federal e nos estados do Sul-Sudeste. Esta conclusão se dar principalmente pelo fato do Consórcio carregar em seu espoco e slogan um discurso nacional de desenvolvimento, inclusão e união, “Consórcio Nordeste: O Brasil que cresce unido”.
Em tempos de Bolsonaro no poder, a solução dos nove tornou-se a solução dos 57 milhões de brasileiros e brasileiras que vivem nesta região.