Relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgado nesta terça-feira (20) aponta que o consumo de energia no Sudeste e Centro-Oeste bateu recorde cerca de 20 minutos antes do corte de luz de segunda-feira (19).
De acordo com o documento, a carga recorde aconteceu às 14h32, devido ao forte calor. Neste horário, as duas regiões demandaram 51.596 megawatts. Segundo a ONS, o recorde anterior dos estados foi registrado no dia 13 de janeiro, quando as regiões demandaram 51.295 megawatts.
Ainda segundo o relatório, às 15h34 a região Nordeste também bateu recorde de demanda de energia, com quase 12,2 megawatts. O recorde anterior aconteceu no dia 14 de janeiro, quando o consumo atingiu 11,9 megawatts.
O problema registrado na segunda durou 50 minutos e afetou o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Distrito Federal.
A combinação de fatores como operação no limite da capacidade e falta de reserva grande de energia obrigaram o Operador Nacional do Sistema a administrar a situação a cada momento, explicou o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Reive Barros dos Santos, ao Canal Energia na manhã desta terça.
Segundo Santos, o risco de ocorrer problemas é maior no período da tarde, quando a temperatura aumenta e, em consequência, a utilização de ar condicionado.
Frequência em queda – Em nota emitida ainda na segunda para explicar o corte, o Operador Nacional do Sistema informou que a medida teve como objetivo restabelecer a frequência da transmissão.
O corte atingiu quase 5% da carga do Sistema Interligado Nacional e foi suficiente para restabelecer a frequência normal, permitindo o religamento das áreas afetadas. A ordem para desligar alguns setores e reduzir a carga foi preventiva e prontamente atendida pelas concessionárias, explicou Santos ao Canal Energia.
“Eles fizeram (o corte) preventivamente, preocupados com o consumo na faixa de 85 mil MW, um recorde de consumo; isso poderia ensejar um colapso maior. Então, foi programada uma redução na faixa de 5% para ter controle sobre o sistema”, explicou Santos no encerramento da reunião da diretoria da agência na manhã desta terça-feira (20).
A nota do ONS afirma que, na sequência, houve perda o desligamento de unidades geradoras somando 2,2 mil MW. As usinas afetadas foram Angra I, Volta Grande, Amador Aguiar II, Sá Carvalho, Guilman Amorim, Canoas II, Viana, Linhares, todas no Sudeste; Cana Brava e São Salvador, no Centro-Oeste; e Governador Ney Braga, no Sul. A situação foi normalizada a partir das 15:45 horas.
O desligamento manual do sistema antes da entrada automática do Esquema Regional de Alívio de Carga evitou que o apagão atingisse maiores proporções, disse Santos.
“Uma coisa é você desligar com controle. Outra coisa é perder o controle e perder todas as usinas. Aí, o desastre seria maior”, acrescentou o diretor da Aneel.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias