No momento em que a economia acumula uma série de avanços e a inflação está sob controle, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, decidiu, nesta quarta-feira (20), reduzir a Selic, mais uma vez, em apenas 0,5 ponto porcentual. Com isso, a taxa básica de juros cai de 11,25% ao ano para 10,75% ao ano, um patamar ainda elevado que continuará impedindo um ritmo maior na retomada do crescimento econômico.
“Mais uma vez o BC de Campos Neto puxa o freio da economia, com sua política de reduzir os juros a conta gotas. O país precisa de mais celeridade do BC para crescer”, criticou a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), na rede social X.
No comunicado divulgado após a reunião, o Copom afirma que a tendência para o próximo encontro do colegiado, em maio, é reduzir a Selic nessa “mesma magnitude”.
O início do ciclo de cortes ocorreu em agosto de 2023, após um ano de manutenção do índice em 13,75% ao ano. Desde então, foram seis reduções da Selic, porém a conta gotas, sempre de 0,5 ponto percentual.
Essa postura conservadora tem sido alvo de críticas de membros do governo, de parlamentares e de entidades representativas do setor produtivo, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Após a reunião do Copom, o presidente da CNI, Ricardo Alban, disse considerar insuficiente o corte da Selic em apenas 0,5 ponto percentual e alertou que a decisão penalizará ainda mais a atividade econômica no Brasil. Para ele, ampliar a redução da Selic é compatível com o atual cenário de inflação sob controle e fundamental para reduzir os custos de financiamento.
“A situação da inflação no Brasil já permite, há algum tempo, uma redução mais intensa dos juros reais. O Copom também tem que considerar em suas decisões o prejuízo que a elevada taxa básica de juros vem provocando à economia”, afirma o presidente da CNI. “A CNI entende que, mantido o cenário de inflação sob controle, é imprescindível uma aceleração no ritmo de redução da taxa Selic já na próxima reunião do Copom”, afirmou Alban.
O quadro inflacionário do país segue positivo. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 5,60% no acumulado em 12 meses até fevereiro de 2023, fechou em 4,50% nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2024, ficando dentro do limite superior da meta de inflação para 2024 (4,5%).
“Nesse cenário, é importante que o Banco Central compreenda a realidade brasileira e dê a sua contribuição para a tão necessária redução do custo financeiro suportado pelas empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e pelos consumidores. Sem essa mudança urgente de postura, fica mais difícil avançar na agenda de neoindustrialização, o que, consequentemente, anula oportunidades de mais prosperidade econômica para o país”, enfatizou o presidente da CNI.
Da Redação