O bolsonarismo sai da CPMI do Golpe completamente desmoralizado, e a situação de Jair Bolsonaro diante da Justiça não é nada boa. A avaliação é do deputado federal Rogério Correia (PT-MG), um dos mais atuantes membros da comissão parlamentar mista de inquérito, que se encerrou na quarta-feira (19).
“A situação de Jair Bolsonaro é grave”, afirmou Correia, em entrevista ao Jornal PT Brasil nesta quinta-feira (20), lembrando que os crimes atribuídos ao ex-presidente no relatório final da CPMI têm penas que somam 29 anos de prisão (assista à íntegra da entrevista abaixo).
Correia elogiou o documento final apresentado pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA), que pede o indiciamento de Bolsonaro por quatro crimes: associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. “É um relatório muito denso, com muitos indícios de que houve, de fato, uma tentativa de golpe”, disse.
O processo do golpe
Segundo o parlamentar, a CPMI mostrou que, por pouco, o Brasil não sofreu outro golpe de Estado. “Houve toda uma coordenação para que o golpe pudesse ser realizado em algum momento. Bolsonaro foi construindo isso durante todo um processo”, explicou.
Esse processo constituiu-se de ofensas constantes às instituições democráticas, como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, e também de uma grande campanha de difamação do processo eleitoral brasileiro, a ponto de o ex-presidente ter se aproximado de um hacker para criar fake news sobre as urnas eletrônicas.
Assim, Bolsonaro chegou ao fim das eleições de 2022 com uma massa de seguidores que não acreditava no resultado das urnas e disposta a apoiá-lo no golpe. “Aí eles passam a tentar de tudo. A ideia era ter um estopim que pudesse forçar as Forças Armadas a entrar no processo golpista. Por isso eles foram para a frente dos quartéis, ocuparam as estradas, tentaram colocar bomba no aeroporto de Brasília. E ele apresentou às Forças Armadas um minuta do golpe, que era uma Garantia da Lei e da Ordem. Isso, na delação do Mauro Cid, ficou claro”, lembrou.
Núcleo duro
“Quando a gente vai somando as coisas, vê que foi um risco enorme. Ele trabalhou a massa de pessoas para poder desacreditar as eleições e radicalizar o processo”, prosseguiu Correia, ressaltando que Bolsonaro não agiu sozinho, mas com a ajuda de um núcleo duro, próximo a ele, que o ajudou a elaborar todo o plano golpista.
A identificação desse núcleo foi outro grande feito da CPMI, na avaliação do deputado. E essas pessoas precisam também ser punidas. “A continuidade do processo no Supremo e na Procuradoria Geral da República e as provas que já existem na Polícia Federal, tudo isso vai ser fatal para eles e acho que vai ter muita punição”, adiantou.
Na avaliação do parlamentar, a oposição “deu um tiro no pé” quando insistiu para que a CPMI fosse realizada, na tentativa de atrapalhar a governabilidade da gestão Lula.
“A oposição sai derrotada da CPMI. Mas também a tese deles era muito esdrúxula. Na tese deles, a responsabilidade disso tudo seria do Lula. O voto em separado deles é tão absurdo que diz que Lula seria responsável pela tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Saíram desmoralizados”, concluiu.
Da Redação