O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ) reagiu com indignação à informação de que o atual governo cortou – de forma drástica e sem nenhuma explicação prévia – o número de beneficiários do programa Bolsa Família.
Em julho, o programa registrou a maior redução em relação ao mês anterior desde seu lançamento, pelo presidente Lula, em 2003. Entre junho e o julho passado, o número de benefícios encolheu em 543 mil famílias.
“É impressionante o que tem acontecido no País desde o golpe. Desde a saída da presidenta Dilma, já são mais de um milhão de benefícios cortados. Fora as cerca de 500 mil famílias que estão na lista de espera e o governo não ajuda. Fazer esses cortes num momento de recessão violentíssima e que o Brasil está voltando ao Mapa da Fome da ONU é um crime. Tudo isso em nome do ajuste fiscal”, criticou Lindbergh.
A presidenta Dilma Rousseff também se manifestou contra o corte anunciado pelo atual governo. “Quando deixamos o governo, devido ao golpe, havia 13,9 milhões de famílias recebendo o benefício do Bolsa Família ao custo de R$ 27 bilhões. Hoje, são beneficiados 12,7 milhões de famílias. Uma queda de 1,2 milhão de famílias. A rede de proteção social do Bolsa Família está sendo furada por esse governo ilegítimo e iníquo”, disse.
Ao todo, o programa pagou 12.740.640 famílias em julho. O número de benefícios pagos foi o menor desde julho de 2010, quando foram pagas 12.582.844 bolsas. Se compararmos julho de 2014 com o mesmo mês de 2017, houve uma redução de 1,5 milhão de bolsas pagas. Mesmo com os cortes, ainda há mais de meio milhão de famílias na lista de espera para ingressar no programa, sem previsão.
De acordo com reportagem veiculada pelo “UOL”, o Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário, atual responsável pelo programa, se limitou a explicar o corte “de forma genérica” e culpar a irresponsabilidade fiscal do governo Dilma.
“O Palácio do Planalto fez uma opção clara pelos mais ricos. Essas 543 mil famílias retiradas agora do programa custariam menos de R$ 100 milhões por mês. O governo ilegítimo vai colocar a conta do pato nas costas dos mais pobres”, enfatizou Dilma.
O senador Lindbergh também manifestou preocupação com o fato de o governo Temer mostrar, mais uma vez, sua predileção por colocar a culpa do mau momento econômico e fiscal por qual passa o País nas costas dos trabalhadores mais pobres.
“Esse ajuste fiscal está sendo feito em cima dos mais pobres, de políticas públicas. Eu vi o que Michel Temer fez para comprar votos na Câmara dos Deputados. Cerca de 4 bilhões gastos em emendas, 10 bilhões em anistia de dívidas de ruralistas que deviam a Previdência Social. Tem todo tipo de anistia para banqueiros e grandes empresas. Esse corte no Bolsa Família é uma grande covardia”, classificou o senador.
Na avaliação da presidenta, o argumento da ausência de recursos não se justifica, já que houve a farta liberação de recursos por parte do atual governo para facilitar o arquivamento da denúncia da Procuradoria Geral da República contra Michel Temer na Câmara dos Deputados.
Essa prática, de acordo com Dilma, torna inadmissível “reduzir os programas sociais”. Ainda mais o “Bolsa Família que protege as famílias brasileiras mais pobres. Isso é estarrecedor. As ‘bolsas’ concedidas [aos deputados] em menos de seis meses pelo governo ilegítimo representam quase metade do Bolsa Família anual”, emendou Dilma.
Quando foi lançado, em 2003, durante o primeiro mandato do presidente Lula, o programa atendia 3,6 milhões de famílias – a maioria já recebia benefícios menores que foram extintos, como o Bolsa Alimentação, o Vale Gás e o Bolsa Escola.