Estudo do Instituto Polis, baseado em informações da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de São Paulo, aponta as categorias profissionais que mais registraram mortes por Covid-19 durante o período de março do ano passado a março de 2021 na capital paulista.
Empregadas domésticas, pedreiros, motoristas de táxi e de aplicativo estão entre as atividades profissionais que mais registraram óbitos provocados pela pandemia, segundo a pesquisa. O levantamento aponta que, individualmente, os aposentados representam o maior grupo vítima da doença. Foram registradas 9.925 mortes de aposentados/as nesse período, o que representa 32,2% do total de mortes.
Ainda segundo o Instituto Polis, outras 4.832 pessoas eram donas de casas e mais 3.391 morreram vítimas da doença sem que fosse registrada a sua atividade ocupacional. E pelos dados do estudo 37,8% dos mortos na cidade de São Paulo estavam empregadas no mercado de trabalho.
O estudo mostra ainda que das mais de 30 mil mortes registradas, 23,6 mil não haviam completados 11 anos de estudo referentes à educação básica. Ou seja, 76,7% do total.
De acordo com os autores do estudo “Trabalho, território e Covid no município de São Paulo”, se for considerada a escolaridade das vítimas como indicador indireto sobre seu padrão de renda, o dado demonstra que a mortalidade da Covid-19 é maior entre os trabalhadores e trabalhadoras pobres. Justamente os que atuam, em sua maioria, na informalidade e na impossibilidade de realizar trabalhos remotos.
Na capital paulista, cerca de 960 profissionais mortos pertencem ao setor de transporte ou tráfego. Deste total, pelo menos 78,7% são motoristas de táxi ou motoristas de aplicativo.
Já a quantidade de trabalhadores domésticos mortos por Covid que chega a 2,4% do total também chamou a atenção dos pesquisadores. A categoria é formada por 90,8% de mulheres e entre elas 53,6% são negras. Estima-se que exista um total de 230 mil empregadas domésticas na cidade de São Paulo.
Pelo estudo o total de mortes entre as trabalhadores domésticas é pouco menos da metade do que foi registrado entre os que atuam no comércio, cujo total de profissionais chega a mais de 1 milhão.
Já na construção civil, a maior parte das mortes afetou os pedreiros, com 33% do total, enquanto de apenas 10,6% foram de engenheiros civis.
Outro dado do estudo indica que pouco mais de um quinto dos óbitos (21,6%) atuavam nas áreas de saúde, segurança pública e transportes, consideradas atividades essenciais. E pela classificação dos responsáveis pela pesquisa, um total de 6,5% das mortes foram de trabalhadores não essenciais, que atuam em atividades como trabalho doméstico e construção civil que continuam exercendo suas funções normalmente.
Para os pesquisadores, é importante debater em uma emergência sanitária como a provocada pela pandemia de Covid-19 o que realmente é considerado trabalho essencial no memento de se impor as medidas restritivas.
Da Redação, com informações da Folha de S. Paulo