A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do HSBC terá acesso à lista com os nomes dos brasileiros ligados a mais de seis mil contas abertas na filial do banco em Genebra, Suíça. As informações foram solicitadas ao embaixador da França no Brasil, Denis Pietton, pelo vice-presidente da CPI do HSBC, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Rodrigues afirmou, na quinta-feira (9), que os dados deverão ser recebidos pela CPI ainda em abril. De acordo com o senador, Pietton informou que a França compartilhou a lista com 19 países. Com isso, estas nações teriam conseguido a repatriação de recursos.
Na próxima semana, a previsão é que a comissão ouça o o doleiro Henry Hoyer e o ex-diretor do metrô de São Paulo Paulo Celso Silva. Os dois aparecem na lista vazada pelo ex-funcionário do HSBC Hervé Falciani e divulgada para alguns jornalistas pelo International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ).
De acordo com Randolfe, os depoimentos poderão ajudar a ampliar o leque das investigações, incluindo informações sobre desvios em obras no metrô de São Paulo e os fatos investigados pela Operação Lava Jato, que apura corrupção na Petrobras.
Randolfe disse estar convencido de que os dados provenientes do HSBC revelam apenas “a ponta de um iceberg, com mais contas de brasileiros em Luxemburgo, Liechtenstein, Ilhas Virgens e outros paraísos”. Ele defende a adoção de alíquotas maiores para quem deseja transferir recursos para estes países.
Paraíso fiscal – O ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel foi ouvido na quinta-feira (9) pela CPI. Segundo Maciel, a Suíça é o mais antigo paraíso fiscal do mundo.
Ele afirmou ainda que existe uma conivência de setores financeiros norte-americanos, ingleses e de outros países industrializados com os paraísos fiscais.
“Existem devido à falta de responsabilidade social e moral desses setores”, afirmou Maciel.
Entenda o caso – No início de fevereiro, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), divulgou o projeto SwissLeaks, por meio do qual foram expostos quase 60 mil arquivos com detalhes sobre mais de 100 mil correntistas do HSBC e suas movimentações bancárias, entre 1988 e 2007.
As contas bancárias reveladas somam mais de US$ 100 bilhões depositados em filiais do banco por correntistas ao redor do mundo.
À época, os dados sobre as correntes foram vazados pelo ex-funcionário do banco Herve Falciani. As informações foram entregues por ele a autoridades francesas, em 2008. Com o projeto SwissLeaks, mais de 140 jornalistas em 45 países investigam os nomes envolvidos no caso.
Até o momento, foram descobertas contas secretas, no HSBC da Suíça, de 6,6 mil brasileiros. Estima-se que os depósitos de correntistas brasileiros no paraíso fiscal possam chegar a US$ 7 bilhões. Desde fevereiro, a investigação feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos apontou que vários políticos, artistas, atletas, empresários e celebridades estão envolvidos em um caso de fraude fiscal com suas contas na filial suíça do HSBC.
Da Redação da Agência PT de Notícias